I SÉRIE — NÚMERO 16
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Pois não!!
O Sr. Primeiro-Ministro: — …mas acho que é muito arriscado darmos um passo dessa natureza. Quando estamos a falar de 40 €, Sr. Deputado, com toda a franqueza, não estamos a falar de qualquer coisa.
Trata-se do maior aumento salarial de sempre, repito, de sempre, do salário mínimo nacional, desde que foi
criado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do CDS-PP e tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, para pedir esclarecimentos.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estas duas últimas perguntas e respostas parecem deixar muito evidente que este debate marca o fim de um ciclo e o fim de um modelo, modelo
esse que o senhor criou para, sem ter ganhado as eleições, chegar ao poder e governar o País.
Protestos do PS.
Na altura, o senhor disse que tinha derrubado um muro. Lembro-me de lhe ter dito que achava que o senhor
tinha caído para o outro lado do muro. A verdade é que, agora, parece muito evidente que o senhor está entre
a espada e o muro e que não tem como sair da situação em que se colocou.
Aparentemente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, a geringonça matou a geringonça.
Protestos do Deputado do PS Porfírio Silva.
Foi o que aconteceu, é disso que estamos a falar e o problema não é nosso, Sr. Primeiro-Ministro. O senhor
acaba de demonstrar que não é nosso.
Este é, do nosso ponto de vista, um mau Orçamento, repete Orçamentos anteriores e é — dessa perspetiva
até concordo — mais socialista ainda do que os anteriores.
É um Orçamento que corresponde à herança de seis anos de geringonça, e a herança é, na verdade,
recuando a 2015, um aumento significativo da dívida pública. Temos, atualmente, mais endividamento, mais
dívida pública do que tínhamos em 2015.
É um Orçamento que apresenta Portugal como tendo um dos piores salários médios da União Europeia, que
tem estado a recuperar, sendo que o nosso está muito longe, muito distante. Porquê? Porque, Sr. Primeiro-
Ministro, ao contrário do que pensam os seus parceiros, quem cria salários, salários bons, não é o Estado, nem
são decretos, são as empresas, como é evidente.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Este é um Orçamento feito contra as empresas! É um Orçamento de um País que teve uma queda significativa do PIB, ao contrário do que diz, e que tem, ao fim de seis anos de
governação socialista, níveis de empobrecimento que não são aceitáveis para um país da União Europeia.
Quase 2 milhões de portugueses estão em risco de pobreza.
É um Orçamento que representa a herança da geringonça. É um Orçamento que não resolve, como aqui foi
dito, e bem, questões da própria conjuntura.
Sobre os combustíveis, apresentámos a proposta de retirar o excesso de imposto e a sobretaxa. Os senhores
chumbaram essa proposta e acham que a questão dos combustíveis se resolve com uma promoção de trocos,
por assim dizer.
É um Orçamento que continua a colocar-nos entre os piores países, atrás da maior parte dos países do
antigo bloco do leste, na recuperação pós-pandemia.