I SÉRIE — NÚMERO 17
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Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estamos a minutos da votação do Orçamento do Estado e este é um
Orçamento de esquerda,…
Vozes do PSD: — É, é!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — … com avanços significativos nas áreas que uniram sempre o Bloco de Esquerda, o PCP, o PEV e o Partido Socialista.
O Sr. José Luís Carneiro (PS): — Muito bem!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Áreas como a valorização salarial, o alívio fiscal para as classes médias e para os rendimentos mais baixos, o maior aumento de sempre do abono de família, o maior aumento do salário
mínimo nacional.
São áreas que sempre nos uniram, mas a reprovação do Orçamento do Estado significará que todas estas
medidas cairão e não avançarão, o que é uma péssima notícia para as famílias, uma péssima notícia para as
empresas, uma péssima notícia para a economia e, sobretudo, uma péssima notícia para o País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, chegámos ao fim do primeiro ponto da ordem do dia, relativo ao debate, na generalidade, da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2022, pelo que vamos passar ao
ponto seguinte, que consta da fase de encerramento deste mesmo debate.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Chega ao fim este debate do Orçamento do Estado na generalidade, um Orçamento
que, daqui a poucas horas, será chumbado, abrindo caminho a novas eleições.
O Iniciativa Liberal quer dirigir esta sua intervenção àqueles portugueses que possam encarar este momento
com apreensão. A esses portugueses, queremos dizer, com confiança e clareza, que não devem recear o facto
de irem ter uma oportunidade de decidir o caminho político que querem seguir de agora em diante. A bem do
País, tem de ser dito que é possível um caminho melhor.
A esses portugueses, queremos dizer que chegámos aqui porque a geringonça se esgotou nas suas próprias
contradições. Esta, Sr. Primeiro-Ministro, não é só uma frustração sua, é mesmo uma derrota sua, que, em
2015, achou que poderia governar eternamente com a extrema-esquerda sem que esta viesse a exigir, mais
tarde ou mais cedo, o inaceitável.
Chegámos aqui, também, porque, mesmo com os parceiros da extrema-esquerda, a quem fazia juras de
amor, o Governo do PS incumpriu aquilo que prometia. E chegámos aqui porque o Governo do PS apresentou
um mau Orçamento, o mais à esquerda de sempre, e logo aceitou torná-lo ainda pior. Mas nem aceitando torná-
lo ainda pior, num péssimo Orçamento ainda mais à esquerda, conseguiu fazê-lo passar.
Já assistimos ao espetáculo deprimente do passa-culpas entre os desavindos da geringonça, tentando
sacudir a responsabilidade pelo estado a que chegámos. Os portugueses não se deixarão enganar por esta
manobra de desresponsabilização. É a esquerda, toda ela, que é responsável por esta situação.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — A esses tais portugueses, queremos dizer que as eleições que terão lugar serão também uma oportunidade de penalizar quem assim se comporta, serão uma oportunidade de
escolher um novo rumo para o País, e de escolhê-lo já.
Portugal não pode continuar estagnado e sem crescer, não pode estar refém de comunistas, bloquistas ou
outros extremistas, não pode continuar a alimentar este modelo socialista de dependência do Estado. Portugal
não pode obrigar os seus melhores jovens a emigrar em busca de uma vida.