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I SÉRIE — NÚMERO 18

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Estamos, assim, perante um debate civilizacional, que agora, de forma apressada, contrariando pareceres

e sem que a sociedade tivesse tido acesso atempado ao texto que aqui vai voltar a ser discutido, representa

um verdadeiro retrocesso civilizacional, o pior que se podia esperar de uma sociedade de direito democrática.

Em momentos pré-dissolução da Assembleia da República, o País está a ver o Parlamento dar prioridade à

aprovação apressada da eutanásia quando muitas outras matérias haveria a resolver, como o pacote contra a

corrupção e o enriquecimento ilícito ou a revogação do diploma relativo à libertação de presos a pretexto da

pandemia da COVID-19, para além de muitas outras questões de fundo, como a política de natalidade ou os

problemas dos combustíveis, só para enumerar algumas.

Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o País está perante um momento difícil e complexo, que requer de

todos serenidade.

Já se sabe que a geringonça matou a geringonça, perante um Orçamento do Estado que não resolvia

questões da própria conjuntura, como a dos combustíveis, e que nos continuava a colocar atrás dos países de

Leste na recuperação da crise.

O Governo, que sempre disse que tinha parceiros estáveis e confiáveis e que tinha uma solução estável,

cai agora aos pés dos regateios, medida a medida, desses seus «parceiros estáveis», que não hesitaram em

apresentar-lhe um valente chumbo.

Mas o CDS aqui está, como sempre, com responsabilidade e seriedade na defesa permanente dos valores

pelos quais sempre se pautou e que são, como não poderia deixar de ser, os valores maiores da democracia.

Aplausos do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — A Mesa regista três inscrições para pedidos de esclarecimento. Como é que o Sr. Deputado pretende responder?

O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Respondo em conjunto, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Muito obrigada. Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Alves Moreira, do Grupo Parlamentar do

PS.

A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado, tenho pena que a sua declaração política tenha sido uma intervenção que mostra que o Sr. Deputado não sabia que já havia

Parlamento antes de ter cá chegado e que há uma coisa essencial, que se chama processo legislativo, que

não cuidou de estudar antes de assumir o seu papel como Deputado. Ó Sr. Deputado, convinha ter estudado!

Em primeiro lugar, há uma coisa que é verdade: o CDS protestou sempre que a eutanásia foi agendada,

sempre! Fosse porque havia problemas económicos mais importantes para serem discutidos, fosse porque

havia problemas políticos mais importantes para serem discutidos, fosse porque havia a pandemia, e,

portanto, instrumentalizou a vida das pessoas que estavam a sofrer no momento da pandemia,…

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não, porque sempre defendeu a vida!

A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — … para tentar que a eutanásia não fosse agendada. Mas, entretanto, a eutanásia já foi debatida. E o debate foi tão apressado, Sr. Deputado, que já leva 10 anos. Leva 10 anos, foi

debatido na anterior Legislatura e chumbou democraticamente. E já nessa anterior Legislatura foi ouvida a

Ordem dos Médicos, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, enfim, todas as entidades que

devem ser ouvidas e todas as que quiseram ser ouvidas. Foi um debate muito alargado. Não sei se o Sr.

Deputado esteve atento.

E nesta Legislatura, o processo legislativo correu. As entidades que o Sr. Deputado esteve ali, da tribuna, a

dizer que deviam ser ouvidas, já foram ouvidas. E, depois, sabe o que aconteceu? O diploma foi aprovado

democraticamente, com uma maioria superior à maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções.

Vozes do PS: — Não estava cá!