I SÉRIE — NÚMERO 18
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Aplausos do PCP.
A Sr.ª Deputada Bebiana Cunha fez-me três perguntas que são fáceis de responder. Vou responder a
todas elas.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que seja breve, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou ser breve, porque as perguntas também foram, Sr.ª Presidente. Em relação à pergunta sobre os duodécimos, não é a primeira vez nem a segunda que o País entra no ano
seguinte em duodécimos. Aliás, se houver eleições antecipadas, vai ter mesmo de entrar em duodécimos e,
portanto, isso é inevitável pela decisão do Sr. Presidente da República.
Por que é que não permitimos a passagem à especialidade? Porque a atitude do Governo, antes do debate
na generalidade, foi completamente diferente da que tinha sido em anos anteriores e isso faz toda a diferença.
Perguntou se temos sentido de Estado. Temos, sim. Temos demonstrado que temos tido sentido de
Estado, nesta como em outras matérias.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Filipe, penso que falhou e passou ao lado da questão principal. É que a questão que o País inteiro viu e percebeu foi que o cimento que unia o PCP,
o Bloco de Esquerda e o PS ruiu. E não se trata do Orçamento nem de mais pensões, nem do fator de
sustentabilidade, nem da legislação laboral. Ruiu! Aliás, bastou ver que, neste debate, a grande tensão do
Partido Socialista foi convosco e foi com o Bloco de Esquerda.
Portanto, não foi nenhum fator externo e exógeno que determinou o fim desta maioria e desta solução, foi o
afastamento entre o PS e o PCP, e por isso vocês são responsáveis pela crise que agora se avizinha.
E, Sr. Deputado, o Sr. Deputado sabia muito bem o que o Sr. Presidente da República tinha dito, porque
ele disse para o País todo que chumbar o Orçamento, pela primeira vez, em democracia determinará eleições
antecipadas. O Sr. Deputado ouviu, todas as bancadas ouviram e todos soubemos o que é que isso queria
dizer.
O Sr. Deputado, e bem, diz: «Nós não cedemos à chantagem!» Muito bem! Mas então tem que assumir as
consequências. Não pode vir aqui dizer que não faz ideia do que se passa, que não sabe porque é que vamos
a eleições, que isto é tudo um grande equívoco e que mais vale não fazermos nada.
Se a sua solução é que o Governo apresente um novo Orçamento no prazo de 90 dias, o Governo deu
mostras de que não o ia fazer, e o Sr. Deputado sabia que não o ia fazer. E o Sr. Deputado sabia também que,
se António Costa apresentar um novo Orçamento — como sabe Marcelo Rebelo de Sousa —, o PCP e o
Bloco vão voltar a chumbá-lo, porque as vossas soluções não estão no Orçamento socialista.
O que o Sr. Deputado quer é atrasar o País, não três meses, mas quatro, cinco, seis, sete, 10, até um dia
termos um governo outra vez.
Por isso, Sr. Deputado, a questão é muito simples.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou concluir, Sr.ª Presidente. É a isto que os portugueses querem que o PCP, hoje, responda: se a composição do Parlamento se
mantiver em termos parecidos, vai ou não o PCP viabilizar uma segunda geringonça?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem mesmo de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou mesmo terminar, Sr.ª Presidente, peço desculpa.