I SÉRIE — NÚMERO 18
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Se alguém pensava que o PCP tomava as suas decisões cedendo a chantagens ou a ameaças, ou na
base de cálculos eleitoralistas de curto prazo, estava muito enganado. O sentido do nosso posicionamento foi
o de encontrar solução para os problemas nacionais.
A rejeição de uma proposta de Orçamento do Estado não implica nem a demissão do Governo, como o
Governo bem sabe e por isso não se demitiu, nem a dissolução da Assembleia da República. O País não está
em duodécimos, nem sob um Governo de gestão; há um Parlamento e um Governo em plenitude de funções.
Há dois meses de vigência do Orçamento de 2021 para executar, existe previsão legal para a apresentação de
nova proposta orçamental e não há qualquer cataclismo por o País viver alguns meses sob duodécimos até à
aprovação de novo Orçamento, como já aconteceu por diversas vezes e como acontecerá, inevitavelmente,
havendo a dissolução da Assembleia da República. Só haverá dissolução da Assembleia da República porque
o Presidente da República assim o quer e o Governo assim o deseja.
O PCP não teme as eleições. Sabemos que, para a comunicação social dominante, um orçamento que
tinha todos os defeitos do mundo, quando se pensava que o PCP o iria viabilizar, passou a ser um poço de
virtudes, porque o PCP o rejeitou. Sabemos das trombetas que vão soar aos quatro ventos a procurar
responsabilizar o PCP por todos os males do mundo, mas nada disso nos intimida ou nos faz mudar de rumo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Sérgio Sousa Pinto (PS): — Ah, valente!
O Sr. António Filipe (PCP): — O PCP irá para eleições, sejam elas quando forem, com a consciência tranquila de tudo ter feito em defesa dos superiores interesses do povo e do País. O PCP irá para eleições,
sejam elas quando forem, com as suas propostas de aumento do salário mínimo nacional e de aumento geral
dos salários como emergência nacional, de valorização das reformas e das pensões, de gratuitidade das
creches, de salvação e reforço do Serviço Nacional de Saúde, de valorização dos serviços públicos, de
garantia do direito à habitação, de justiça fiscal, de apoio às micro, pequenas e médias empresas.
Em 2015, o PCP foi decisivo para que o PSD e o CDS fossem afastados do poder, mesmo quando o PS já
se tinha conformado com a ideia de que ia ficar na oposição.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Essa é boa!
O Sr. António Filipe (PCP): — O PCP foi decisivo para um virar de página da vida política nacional e para a reposição de direitos e rendimentos que haviam sido brutalmente retirados ao povo português pelos
Governos do PSD e do CDS. O PCP valoriza todos esses avanços e orgulha-se de ter contribuído para eles,
mas, com a mesma convicção e coerência, não pode pactuar com opções do Governo que recusam
prosseguir a reposição e conquista de direitos com uma resposta mais ampla aos problemas nacionais, com
opções do Governo que sacrifiquem a resolução dos problemas nacionais a critérios dogmáticos impostos pela
União Europeia e que sacrifiquem os direitos dos trabalhadores aos interesses do grande patronato.
Risos do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
Não há contas certas quando o salário dos trabalhadores não chega ao fim do mês. Não há Agenda do
Trabalho Digno quando se tem de pedir licença aos patrões para apresentar propostas sobre legislação
laboral.
Em 2022, tal como em 2015, a influência que o PCP tiver nesta Assembleia será um fator decisivo para os
caminhos a percorrer no futuro. O reforço do PCP nesta Assembleia será sempre um fator decisivo tanto para
impedir o regresso dos partidos da direita ao poder, como para impedir o regresso a maiorias absolutas de má
memória.
Os portugueses saberão com quem podem contar.
Aplausos do PCP e do PEV.