I SÉRIE — NÚMERO 18
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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder a estes três pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Nelson Peralta.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Silva, referiu, e com toda a razão, que o acordo sobre a desflorestação, que já saiu da COP26, é um ultraje. Nós tínhamos um acordo, assinado
em 2014, que dizia que a desflorestação da Amazónia acabava em 2020 e, agora, em 2021, foi assinado um
novo acordo que diz que acaba em 2030. E isto se acabar, porque não é vinculativo.
Ora, tal mostra muito bem como as elites mundiais estão a falhar na resposta ao nosso planeta.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Mas também aqui no nosso País temos um problema com a nossa floresta. A nossa floresta está dedicada à produção de papel, o que é um risco acrescido de incêndio, ainda para mais
com fenómenos climáticos como os que temos. Faltam vigilantes e faltam sapadores nas matas nacionais e
nas áreas protegidas, pelo que o quadro de pessoal do ICNF deve ser aumentado.
Com isto, passo a responder ao Sr. Deputado Hugo Pires repetindo o que já aqui foi dito antes, ou seja,
«presunção e água benta cada um toma a que quer». É que o Sr. Deputado fez um grande autoelogio, mas
Portugal é dos piores países da União Europeia no que diz respeito à proteção das florestas e é também dos
piores países da União Europeia a gerir os seus resíduos. Portanto, toda essa presunção não está baseada na
realidade.
Além disso, o Sr. Deputado, numa espécie de desconversa, vai buscar a questão da crise política. Devo
dizer que as pessoas que estão lá em casa e que olham para o que está a acontecer — ou seja, o Bloco de
Esquerda a defender as pensões, o trabalho e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) — não interpretam isto
como uma crise política, interpretam como a resposta essencial às suas vidas. Aliás, tanto assim é que muitas
destas medidas que o Bloco de Esquerda propôs eram defendidas pelo Partido Socialista quando estava na
oposição.
Protestos do PS.
Pelo visto, quando está no poder já assim não quer, não quer ceder ao grande patronato.
O Sr. Deputado também referiu que Portugal foi o primeiro país a anunciar a neutralidade climática para
2050. É sempre a mesma história, repetem isso muitas vezes, mas já depois disso muitos outros países
anunciaram a neutralidade climática para antes de 2050.
Portanto, se, como o Sr. Deputado disse, estamos em melhores condições para cumprir as metas, então,
se calhar, seria hora de antecipar essa meta para a neutralidade climática e incluí-la na lei de bases do clima
que nós propomos.
Protestos do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
António Costa é o Secretário-Geral do Partido Socialista e é o Primeiro-Ministro apoiado pelo Partido
Socialista, obviamente, e o facto de não ter ido à COP26 legitima as posições do Presidente da China, do
Presidente da Rússia e do Presidente do Brasil, o que é um mau serviço para o País, mas também é um mau
serviço para a comunidade internacional.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Nelson Peralta (BE): — O Governo português falhou à chamada da COP26, não respondendo, assim, às necessidades do País.
A Sr.ª Deputada Alma Rivera abordou uma das questões que vai ser mais essencial e mais central na
COP, que é a de saber se o corte das emissões se faz nos países ricos ou se, pelo contrário, os países ricos
continuam com a economia exatamente igual e, depois, compensam com o chamado offset nos países do sul