3 DE NOVEMBRO DE 2021
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Parlamentar do CDS, um grupo parlamentar coeso, íntegro, cheio de história e profundamente defensor das
causas do CDS, um dos partidos fundadores da nossa democracia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Ao assistirmos, no passado dia 27, ao chumbo do Orçamento do Estado, constatámos — e constatou o País — que a geringonça acabou. O Governo de António Costa deixou
de contar com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP e, desde então, assiste o País a um jogo de passa-
culpas.
O Orçamento chumbou porque a esquerda não soube compreender as medidas, a visão e a
condescendência do Governo às suas reivindicações, na visão de António Costa;
Já na visão do PCP e do Bloco de Esquerda, o Orçamento chumbou porque o Governo é intolerante e não
condescendeu naquilo que disseram entender ser elementar para o poder aprovar.
Uma coisa, ao CDS, parece óbvia, Sr.as e Srs. Deputados: o Orçamento do Estado chumbou e a
geringonça acabou porque já nada de novo têm a apresentar ao País. Nem agora, nem após as eleições.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, neste final de Legislatura, o CDS não quer deixar, ainda, de dar nota de alguns pontos, a nosso ver, essenciais.
Desde logo, a nossa surpresa e indignação pelas opções do Parlamento nesta fase, designadamente o
agendamento apressado — já para depois de amanhã — da reapreciação do veto do Sr. Presidente da
República relativo à eutanásia.
Na altura própria o CDS protestou veementemente contra este agendamento em vésperas da dissolução
do Parlamento e não quer, nem pode, deixar de o fazer aqui, hoje, nesta última declaração política.
Conforme o CDS deixou muito claro, estamos perante uma questão civilizacional, um assunto complexo e
demasiado sério, que não se resume a uma questão de legalidade ou de competência do Parlamento em
tratá-la. Sabemos do veto do Sr. Presidente da República, sabemos que há muitas questões a trabalhar, mas
esta é uma matéria muito sensível, com enormes questões éticas subjacentes, que merece ponderação séria,
e o mínimo exigível seria que todas as entidades e a sociedade fossem ouvidas. No entanto, não houve
debate público, o que não é próprio numa matéria desta complexidade.
Desde 1975 que o CDS tem sido sempre coerente na defesa da vida e entendemos que o Partido
Socialista, o Bloco de Esquerda, o PAN, o PEV e o Iniciativa Liberal são responsáveis por esta forma
apressada e nada desejável, em democracia, para resolver uma questão tão delicada e que a toda a
sociedade diz respeito. E relembro que esta matéria não está amadurecida na sociedade portuguesa.
Acresce que os pareceres mais relevantes, como o do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da
Vida, o da Ordem dos Médicos ou o da Ordem dos Enfermeiros, são contra.
Recordo, a este propósito, que a Ordem dos Médicos não foi sequer consultada durante a elaboração do
texto que aqui vamos discutir na quinta-feira, quando, nas palavras do seu bastonário, «Isto é importante,
porque a avaliação dos potenciais candidatos à eutanásia, na lei que está a ser definida, necessita de médicos
nomeados pela Ordem». E, mais: o Dr. Miguel Guimarães questiona o que, muito provavelmente, a grande
maioria dos portugueses também deve estar a questionar neste momento, e cito, «Numa altura em que
estamos em crise, não só em termos políticos, mas também em crise na resposta aos nossos doentes que
ficaram para trás durante a pandemia, é estranho que esta seja a principal preocupação da Assembleia da
República», recordando algo que ao CDS parece de elementar bom-senso, ou seja, temas fraturantes como é
a eutanásia «(…) merecem uma reflexão profunda e serem discutidos fora de uma situação de crise».
Aprovar a eutanásia é um triste fecho desta Legislatura.
Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, reitero que o CDS é um partido humanista, de matriz personalista,
para nós não há vidas humanas mais ou menos dignas e o maior valor de uma civilização tem de ser a
proteção da vida.