I SÉRIE — NÚMERO 18
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A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mariana Silva, começo por saudar os vários temas que trouxe nesta declaração política e gostaria de aproveitar para lhe
fazer duas perguntas muito concretas.
Quando o PAN trouxe a esta Casa uma recomendação para que o Governo tomasse as diligências
necessárias para que o ecocídio viesse a ser reconhecido pelo Tribunal Penal Internacional como o quinto
crime contra a Humanidade — aliás, pretendíamos que Portugal pudesse posicionar-se ao lado de países
como a Suécia, a França, entre outros, com vista a trazerem outros países para esta causa do bem-comum —,
o PEV absteve-se. Portanto, gostaria, desde já, de lhe perguntar, Sr.ª Deputada, se na proposta apresentada
pelo PAN no âmbito da discussão da lei de bases do clima, precisamente para consagrar o ecocídio, o PEV
vai acompanhar esta proposta do PAN.
E porque estamos, de facto, a falar de propostas, e ainda no âmbito da discussão que estamos a ter sobre
a lei de bases do clima, o PAN tem uma proposta para o reconhecimento do clima estável como património da
Humanidade. Vai o PEV acompanhar esta proposta do PAN?
Aplausos do PAN.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Nelson Peralta, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Silva, como falou de transportes, quero fazer-lhe uma pergunta sobre algo muito útil que vi hoje e que o mercado nos oferece.
Nas redes sociais, e também nos outdoors das cidades, está um anúncio a um veículo 4x4 «para se usar
na cidade» — é o que diz o anúncio. Isto diz muito sobre o que o mercado oferece como solução.
Isto não é uma brincadeira nem um detalhe. Na última década, o que mais fez aumentar as emissões foi a
produção de energia — é fácil de perceber. O segundo elemento que mais fez aumentar as emissões foi a
troca dos carros tradicionais pelos chamados SUV, jeep urbanos, ou como lhes queiramos chamar, porque
são mais pesados, consomem mais e emitem mais.
Quando nos dizem que a solução é trocar carros a diesel e a gasolina por carros elétricos, a consequência
é manter os engarrafamentos, mas o que tem acontecido com o mercado livre é o contrário, é trocar um carro
mais leve por um carro mais pesado, que, já agora, do ponto de vista urbano, tem maior risco de acidentes, e
de acidentes mais gravosos.
Portanto, o que lhe queria perguntar é se concorda com as propostas do Bloco de Esquerda de que o que
mais precisamos não passa por respostas individuais e de mercado, mas sim por políticas públicas que
alterem o desenho das cidades, façam ligações ferroviárias entre todas as capitais de distrito, façam ligações
de transporte a todas as zonas — cidades e aldeias —, que o transporte público seja gratuito e que esta seja
uma grande resposta e não uma resposta individualizada de transporte motorizado.
Mas queríamos também perceber se faz algum sentido dizer que a culpa é das pessoas, porque o que
temos é uma grande economia que, para ter lucro, explora os recursos até ao infinito, coloca-os no mercado e
depois as pessoas, não tendo, obviamente, outra escolha para se deslocarem, têm de aceder a combustíveis
fósseis, porque, infelizmente, não há alternativa.
Cremos, por isso, que do que precisamos é de políticas de transporte público e da gratuitidade progressiva
desse transporte público. E queria saber se o PEV concorda com esta proposta.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera, do Grupo Parlamentar do PCP.
Faça favor, Sr.ª Deputada.