3 DE NOVEMBRO DE 2021
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O Sr. Nelson Peralta (BE): — Queria, pois, perguntar-lhe se o PAN quer, finalmente, pronunciar-se contra os vistos verdes para que nenhuma pessoa tenha mais direitos de cidadania por ter mais ou menos dinheiro.
Esta é uma exigência óbvia, não só ambiental, mas, acima de tudo, dos direitos humanos. Não é o
mercado que vai resolver o problema, não é encarecer o custo de vida das pessoas que vai resolver o
problema, é mesmo a regulamentação, o investimento público e as políticas públicas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder a estes dois pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, obrigada, mais uma vez, pelas vossas questões.
Começaria, precisamente, por responder ao Sr. Deputado Nuno Carvalho, dizendo-lhe, desde logo, que o
PAN já está bem casado e comprometido com as suas causas, portanto, namoros à parte, sabemos bem ao
que vimos e com quem queremos estar no que possa ser o futuro do País.
Sr. Deputado, tendo em conta a falta de compromisso que a sua bancada tem assumido ao votar, muitas
vezes, contra propostas que o PAN tem trazido aqui, nomeadamente a da taxa de carbono sobre a pecuária,
uma das indústrias internacionalmente reconhecidas como sendo das atividades mais poluentes e que mais
gases com efeito de estufa produz a nível global, mas também ao nível da discussão que estamos a ter, em
sede da Comissão de Ambiente, da lei de bases do clima, não posso deixar de lhe perguntar se é desta que o
PSD nos vai acompanhar. Está o PSD disponível para o compromisso com as causas com o ambiente e para
viabilizar as propostas que estão em sede de comissão para que se reconheça, efetivamente, o clima estável
como património da humanidade, mas também para que se reconheça o crime de ecocídio, como há pouco
referi?
Em relação à questão da fiscalidade verde, o PAN está bem ciente de a quem é que quer dar a mão, Sr.
Deputado. Preferimos taxar as atividades poluentes, ao invés de taxar as famílias. Sei que não foi isso que
aconteceu nos tempos da troica, da qual nem a minha geração, nem a geração que me antecedeu têm
saudades.
O Sr. Deputado, fazendo parte das gerações vindouras, terá todo o interesse em que esta Casa assim
decida, porque vão ser as gerações futuras que vão sofrer mais com os impactos das alterações climáticas.
Portanto, o tempo de decidirmos e de agirmos é aqui e agora. Esperamos que o PSD nos acompanhe e
que esteja disponível para esse compromisso, não para casórios, não para interesses nem demandas
políticas, mas, sim, para um compromisso com o ambiente e com a responsabilidade intergeracional que
temos todos e todas nesta Casa da democracia.
Sr. Deputado Nelson Peralta, em relação à questão que nos colocou, talvez não tenha estado atento, pois
já nos fizeram essa pergunta sobre os vistos verdes no passado. O PAN já deixou bem claro que não irá
retomar nesta Assembleia da República a proposta dos vistos verdes, precisamente porque quando estamos
errados sabemos reconhecer esse erro e assumimo-lo, coisa que nem sempre acontece aqui.
Aplausos do PAN.
Não apresentaremos essa proposta novamente, precisamente porque cria injustiça e não faz qualquer
sentido que, em função da cidadania, se possa atribuir um visto. Errámos, reconhecemos e seguimos em
frente, Sr. Deputado, portanto não vale a pena repetirem essa questão até à exaustão, porque temos questões
bem mais interessantes para debater e problemas bem mais graves para resolver, em relação aos quais os
senhores também deviam ter feito parte da solução.
Em relação à questão da fiscalidade e da passagem de pasta, ou não, para o Ministro do Ambiente, uma
coisa é certa: não estamos do lado da Ministra da Agricultura! E isso é bem diferente do que possa ser a ironia
de passar a pasta para o Sr. Ministro do Ambiente, porque esta Ministra da Agricultura tem estado ao lado dos
interesses da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) e das atividades poluentes. O PAN já tem