3 DE NOVEMBRO DE 2021
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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr.ª Presidente, desde já, agradeço as perguntas que foram feitas. Em relação ao mercado das emissões de carbono, para o PAN aquilo que possa ser uma aparente solução
não deve constituir um problema no presente ou no futuro. É por isso que há externalidades que, neste
momento, não estão a ser consideradas do ponto de vista financeiro, como é o caso dos serviços dos
ecossistemas, que devem ser muito mais valorizados do que a compra das emissões de carbono para que uns
possam pagar para poluir, criando assim mais desigualdades e assimetrias, até do ponto de vista global.
O que os estudos nos dizem hoje, efetivamente, é que quem mais polui não é quem vai ser mais afetado
pelas alterações climáticas e pelas suas consequências.
Neste sentido, Sr. Deputado, o PAN não poderia estar mais de acordo que temos de ser mais ambiciosos e
mais reivindicativos nas soluções para que Portugal possa reduzir, efetivamente, as emissões de carbono.
Isso passa por uma urgente aposta na ferrovia, nos transportes públicos, no combate à pobreza energética,
entre várias outras medidas que o PAN, inclusivamente, reivindicou para este Orçamento do Estado, cuja
negociação com o Governo estava já em marcha, tendo ficado, infelizmente, pelo caminho, porque esta
Assembleia se demitiu, de alguma forma, de tornar o Orçamento do Estado no orçamento da Assembleia da
República em sede de especialidade.
Efetivamente, temos de alterar o paradigma económico em que vivemos, nomeadamente do ponto de vista
do lucro financeiro, tornando mais competitivos modos de produção mais sustentáveis ao nível da floresta e da
própria agricultura, o que não está hoje a acontecer.
Isso passa também por aprender com erros do passado, seja em matéria do Acordo de Paris, seja no plano
estratégico da nova PAC (política agrícola comum), que não pode ser mais do mesmo e que tem de apostar,
garantidamente, na agricultura biológica e em modos de produção sustentável.
Relativamente à pergunta feita pelo Sr. Deputado João Miguel Nicolau, há, de facto, uma necessidade de
agir no combate às alterações climáticas, mas isso só se faz agindo em esforço conjunto. De nada serve as
forças políticas desta Assembleia estarem de costas voltadas se não souberem dar voz por um conjunto de
reivindicações.
Sr. Deputado, há duas matérias absolutamente importantes e imperiosas para o PAN em termos de lei de
bases do clima: por um lado, reconhecer o crime de ecocídio e aprofundar, no âmbito dessa lei, essa
reivindicação, hoje, global, não só por parte dos jovens e das gerações futuras, mas também dos próprios
especialistas; por outro lado, é preciso o reconhecimento do clima estável como património da humanidade.
Por isso, retribuo a pergunta: o Grupo Parlamentar do Partido Socialista está, ou não, disponível para
acompanhar o PAN nestas reivindicações de modo a que saia da comissão um texto conjunto que reconheça
estas duas imperiosas urgências no combate às alterações climáticas?
Aplausos do PAN.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Miguel Carvalho, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Nuno Miguel Carvalho (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, cumprimento o PAN e a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real pelo assunto que aqui trouxe.
Sr.ª Deputada, acho que, em primeiro lugar, temos de tentar compreender porque é que o PS está tão
triste. Ouvi o Sr. Deputado do Partido Socialista e parece que está triste. Provavelmente porque o PS não
conseguiu, com o Orçamento, nenhum casamento, tendo levado duas negas à esquerda…
Risos do PSD.
Teve um sentido de mais ou menos, de quase, quase do PAN, mas não conseguiu casar.
Houve um ano em que não casou com o Bloco de Esquerda, mas em que o Bloco de Esquerda foi
convidado para a despedida de solteiro; fez a festa toda, etc., mas não casou!