3 DE NOVEMBRO DE 2021
49
Mas, em conjunto, ao longo destes seis anos, temos desenvolvido políticas de rendimentos que têm elevado
as condições de vida da nossa geração e de todas as gerações neste País.
Foi o que aconteceu com o salário mínimo nacional, que abrange cerca de 20 e tal por cento dos
trabalhadores, mas que, na nossa geração, vai além dos 30% e que subiu de 505 € para, já neste próximo
ano, 705 €.
Para aqueles que desdenham, dizendo que o anúncio já vinha desde março, é importante dizer que este é
o maior aumento de sempre do salário mínimo nacional. Não interessa se é de março, se é de há dois anos
atrás, porque, sim, o nosso compromisso para o salário mínimo começou no início da Legislatura e é um
compromisso que iremos honrar. Mas é um compromisso que se estende a outras áreas, como, por exemplo,
ao aumento salarial da função pública ou às bolsas do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional),
porque isso também nos permite assegurar um sinal para o mercado privado de que é necessário subir os
salários. Temo-lo feito, também, nas outras formas de aumentar o rendimento disponível, seja pelo alívio fiscal
das famílias da classe média, que fizemos em conjunto e que gostávamos de poder fazer também neste ano,
com a proposta de Orçamento do Estado que foi chumbada na semana passada, mas também, por exemplo,
com a gratuidade dos manuais escolares ou com os passes mais baratos.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Isso já está! E agora?
O Sr. João Dias (PCP): — E as creches?
O Sr. Miguel Matos (PS): — É assim que conseguimos elevar o rendimento dos portugueses e que conseguimos, verdadeiramente, fazer a diferença para uma economia onde não só há uma estrutura produtiva
diferente, mas, também, melhores salários. E assim conseguimos consolidar esta zanga da direita, com o
crescimento, com a convergência, que só nós, à esquerda, conseguimos fazer.
Aplausosdo PS.
ASr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem agora a palavra, para um pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado Nelson Silva, do PAN.
O Sr. Nelson Silva (PAN): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Matos, vou deixar as últimas considerações que fez para a malta do meu lado esquerdo,…
O Sr. Adão Silva (PSD): — O que é isso?! «Malta»?!
O Sr. Nelson Silva (PAN): — … porque, de facto, o PSD tem muito que responder às suas declarações. Em certa medida, também eu poderia responder a algumas, mas vou deixar isso para o PSD responder.
Vou questioná-lo acerca de vários pontos da sua intervenção.
Em primeiro lugar, falou-nos em crescimento económico. O crescimento económico em Portugal assenta
num contexto desenfreado de crescimento infinito do consumo, num planeta que tem, obviamente, recursos
finitos. É esta a política económica que o Partido Socialista tanto quer defender?
Falou-nos da importância da Web Summit. Partilho dessa afirmação, no entanto não esqueçamos que o
País está a pagar, e a pagar bem, para a Web Summit estar cá a fazer o seu trabalho. Também não
esquecemos que uma das empresas citadas aqui pelo Sr. Deputado — a Amazon — é uma empresa que,
comprovadamente, explora os seus funcionários. É este o tipo de empresas que o Partido Socialista quer atrair
para gerar emprego em Portugal?
Depois, há algo na sua declaração que o Sr. Deputado menciona de forma muito superficial, que tem que
ver com a competitividade. Onde é que está a competitividade responsável no nosso País quando se
beneficiam empresas que estão sediadas em paraísos fiscais, lesando o tecido empresarial em Portugal e
condenando as nossas empresas a uma competitividade fraca no panorama internacional? É este o nível de
competitividade que o Partido Socialista quer?
Por fim, a política económica de futuro tem em conta o seu impacto no ambiente.