18 DE NOVEMBRO DE 2021
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Sr.as e Srs. Deputados, apesar de ter sido aprovada na última Legislatura a Lei de Bases da Habitação, cuja
regulamentação está agora na fase final, é importante sublinhar que a direita parlamentar votou contra, e votou
contra porque sempre foi contra a intervenção pública na área da habitação.
Nesta Legislatura, assistimos a uma progressiva e avançada implementação do Programa 1.º Direito e às
respostas estruturais assentes no reforço do parque habitacional público.
Deste modo, o 1.º Direito é um programa que está integrado numa nova geração de políticas públicas de
habitação, visando a promoção de soluções habitacionais para as famílias mais carenciadas. São mais de 100
as estratégias locais de habitação já aprovadas em todo o território nacional, com acordos de celebração que
permitem dar resposta a mais de 35 000 famílias.
Não devemos esquecer que, a par do Programa 1.º Direito, encontramos ainda mais dois investimentos
fulcrais: o primeiro consiste na criação de um parque público a custos acessíveis; o segundo diz respeito à Bolsa
Nacional de Alojamento Urgente e Temporário, uma resposta estruturada às necessidades de alojamento de
emergência e de transição.
Quero recordar ainda o que foi feito em termos de avanço legislativo no que concerne à proteção dos
arrendatários e da estabilidade do arrendamento.
Trata-se de uma matéria de grande sensibilidade e que tem merecido a atenção legislativa do Governo e do
Parlamento, visando corrigir uma lei completamente contra o espírito social, a «lei Cristas», e ainda introduzir
um conjunto de mudanças que têm por objetivo reforçar os mecanismos de garantia e proteção dos arrendatários
e a sua estabilidade.
No âmbito das principais medidas destaca-se a proibição ao assédio no arrendamento e a previsão de modos
de reação contra comportamentos que possam constituir assédio da parte mais forte em relação à parte mais
fraca.
Bem sabemos qual é a alternativa da direita. Recordamos bem a «lei dos despejos», uma das leis mais cegas
e injustas de que o Parlamento tem memória. Sobre o denominado NRAU — a norma-travão que evitava os
despejos —, tal tinha solução no Orçamento do Estado, que a esquerda parlamentar quis reprovar, pois havia
uma resposta para este problema que tem dificuldades na sua concretização. E, sim, as Sr.as e Srs. Deputados
faltaram à chamada para proteger a parte mais fraca!
Um outro ponto central dos projetos é relativo à pandemia da COVID-19. Desde o primeiro momento que foi
evidente a necessidade de proteger a habitação permanente sem, contudo, desproteger os senhorios.
Ao contrário do que algumas vozes dissonantes à direita dão a entender, criando ruído num setor que já se
encontra numa situação complicada, as medidas que foram aprovadas permitiram um justo equilíbrio entre
senhorio e arrendatário, mitigando eventuais abusos e salvaguardando, sobretudo, o direito à habitação
enquanto direito fundamental, sendo que, mesmo em alturas como esta, o Parlamento deu sempre uma resposta
positiva.
Sr.as e Srs. Deputados, desta forma, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista continuará a trabalhar para
defender a parte mais fraca e vulnerável da sociedade portuguesa.
Como sempre, podem contar com o Grupo Parlamentar do Partido Socialista para encontrar as soluções que
sempre defendemos para uma habitação pública, de qualidade e que permita responder aos interesses dos
portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Não havendo mais inscrições, passamos agora à fase de encerramento.
O PCP acumulará o tempo de que dispõe, de 7 minutos e 11 segundos, ao período adicional de 2 minutos
definido para o encerramento.
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quando o Grupo Parlamentar do PCP agendou este debate potestativo e escolheu o tema em questão, fê-lo com a noção do gravíssimo problema
social que é o problema da habitação em Portugal e da necessidade de encontrar respostas muito diversas.