19 DE NOVEMBRO DE 2021
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O Sr. Nelson Peralta (BE): — Pois há!…
O Sr. Nuno Fazenda (PS): — É preciso assegurar que as decisões são tomadas com base na ciência e com conhecimento.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Também é verdade!
O Sr. Nuno Fazenda (PS): — Terceiro, o princípio do esclarecimento, desde logo o esclarecimento das bancadas, que não leram este decreto-lei, porque, se tivessem lido, não diziam que não havia participação
pública neste decreto-lei. Temos também de esclarecer e informar, combatendo o populismo e as falsas
verdades que são lançadas.
Ora, é neste quadro que consideramos e desejamos que os estudos de impacte ambiental que se irão
realizar potenciem estes princípios da proximidade, conhecimento e esclarecimento.
É nesta fase que estamos e a Sr.ª Deputada revela um profundo desconhecimento sobre o assunto.
Estamos na fase de estudo, de avaliação do impacte ambiental, de identificação de medidas compensatórias.
Protestos da Deputada do PSD Cláudia André.
O que foi assinado, Sr.ª Deputada — eu vou-lhe explicar, porque vejo que tem dificuldade em perceber —,
não confere o direito a explorar, confere o direito a avaliar. Se a avaliação de impacte ambiental for
desfavorável, não haverá exploração mineira! É isto, nos termos da lei, que importa avaliar. É isso que vai ser
feito, Sr.ª Deputada. Tem de ler melhor os papéis e não ser precipitada. Leia com atenção!
Aplausos do PS.
Neste sentido, Sr. Ministro, deixo-lhe uma pergunta, para concluir. O estudo de impacte ambiental irá
permitir um debate de proximidade e esclarecedor para as populações? O que podem esperar as populações,
nomeadamente da serra da Argemela e de outros sítios, dos estudos de impacte ambiental? Teremos
proximidade? Teremos maior diálogo, como este Governo inscreve neste decreto-lei? Sobre esta matéria, o
Governo do PSD/CDS nada fez. Vêm defender uma coisa e fizeram exatamente o contrário.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Maria Cardoso, do Grupo Parlamentar do BE.
O Sr. José Maria Cardoso (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado, Sr.as e Srs. Deputados, no debate de hoje venho falar-lhe particularmente da serra d’Arga e das populações do Alto Minho
que vivem em Caminha, Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Paredes de Coura. Estes
são os concelhos da área Arga abrangidos pelo concurso que o Governo quer lançar para atribuir direitos de
prospeção e pesquisa de lítio e outros minerais.
Nos últimos anos, as populações de aldeias destes concelhos passaram a saber que existe lítio debaixo da
terra que pisam. O que para muitos pode ser considerado uma bênção, para outros — no caso concreto, estas
populações — é uma maldição! Estes receios são legítimos, entre outras razões, porque nunca ninguém as
auscultou e envolveu nas intenções do Governo.
Esta mania de o poder funcionar longe das pessoas e de entender que estas não contam para as decisões
é um procedimento pouco democrático e que em nada contribui para o respeito pelas comunidades locais, que
são os sofredores das decisões do centralismo governamental e dos efeitos daí decorrentes.
Os habitantes destes concelhos, particularmente os das áreas mais afetadas — muitas delas, por sinal,
isoladas, sofrendo há muito da falta de serviços —, ainda no passado dia 23 deram uma demonstração do seu
descontentamento e revolta numa grandiosa manifestação de protesto realizada em Viana do Castelo.