19 DE NOVEMBRO DE 2021
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Um desenvolvimento sustentável impõe, no entanto, que tais benefícios sejam obtidos sem comprometer
as condições ambientais, sociais e culturais de cada território e sem gerar impactos negativos a longo prazo.
Importa, pois, compatibilizar competitividade económica e proteção ambiental. Para o efeito, é importante
que o quadro normativo regulador das atividades de revelação e aproveitamento de recursos geológicos
assegure este equilíbrio.
A Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, que estabelece as bases do regime jurídico da revelação e do
aproveitamento dos recursos geológicos, obrigava o Governo a aprovar dois diplomas complementares no
prazo de três meses, um deles relativo à revelação e ao aproveitamento de depósitos minerais.
O prazo era de três meses, mas esta regulamentação específica só foi aprovada este ano, seis anos
depois.
O atraso de seis anos exigia a apresentação de um diploma claro, objetivo, que preenchesse lacunas e que
criasse condições para a exploração responsável e sustentável dos recursos minerais no nosso País.
Não foi o que sucedeu. O decreto-lei aprovado pelo Governo não trouxe clareza, não criou soluções que
estimulem as atividades relacionadas com o setor mineiro, não assegurou a articulação dessas soluções com
as diferentes dinâmicas sociais e ocupações do solo e não trouxe confiança quanto à preservação do
ambiente.
Um dos problemas que identificamos neste diploma diz respeito aos procedimentos.
O processo de licenciamento mineiro em Portugal prolonga-se muitas vezes indefinidamente, inviabilizando
todo o projeto, independentemente do valor ou da qualidade dos recursos minerais em questão. Várias
empresas, nacionais e internacionais, esperam e desesperam durante vários anos até obterem resposta aos
seus pedidos de atribuição de direitos. Contrariamente ao que seria expectável, o diploma não simplifica os
processos, antes alarga os prazos e o número de entidades envolvidas no processo de licenciamento.
As associações do setor consideram que a complexificação do procedimento pode ter como efeito a
descida acentuada nos indicadores internacionais de atratividade. Com isto, o País perderá investimento nesta
área, assim como perderá a oportunidade de conhecer melhor o substrato geológico do território nacional.
Tratando-se de um setor em que o interesse das empresas está dependente da volatilidade dos preços a
que os minerais ou os seus derivados são transacionados no mercado internacional, a lenta e inadequada
resposta das entidades reguladoras pode conduzir à perda de muitos investimentos.
O que o CDS defende quanto a esta matéria é simples: um processo de decisão célere que, sem perder
exigência quanto ao cumprimento de normas sociais e ambientais, não conduza à perda de investimentos nem
retire vantagem competitiva ao nosso País nesta área.
Outro aspeto que gostaríamos de destacar neste debate é a dúvida que a expressão «sempre que
possível» suscita, assim como a discricionariedade que introduz num processo que deveria ser claro, linear,
isento de dúvidas e norteado por critérios objetivos.
A formulação «sempre que possível» em várias normas visa acautelar a possibilidade de prospeção e
exploração mineira em áreas classificadas, em caso de viabilidade económica do projeto. Ora, a falta de um
critério objetivo que esclareça onde se pode e onde não se pode fazer prospeção e exploração mineira abre a
porta à discricionariedade. Como bem destaca o PSD no seu requerimento de apreciação parlamentar, esta
opção legislativa pode conduzir ao surgimento de pressões sobre os decisores políticos e administrativos,
podendo mesmo favorecer situações de corrupção.
Também aqui a incerteza que a falta de um critério objetivo suscita pode levar à perda de investimentos
relevantes nesta área.
Srs. Deputados, entendemos que Portugal tem boas condições, nomeadamente saber técnico e científico,
para garantir uma atividade mineira moderna, que acrescente valor à nossa economia, que salvaguarde o
património natural de cada território e que garanta a coexistência de várias atividades e formas de ocupação
do solo.
Se é certo que o nosso País tem, infelizmente, casos de passivos ambientais mineiros que, muitas décadas
depois, ainda carecem de reabilitação, certo é também que a imagem desses passivos ambientais, muito
distantes das práticas tecnologicamente evoluídas de que o setor mineiro dispõe atualmente, não pode
condicionar a contribuição que as minas podem e devem dar ao desenvolvimento do País.
O conhecimento, acesso e exploração dos recursos minerais são, hoje, essenciais para a sociedade. O
sucesso das transformações que visam uma economia de baixo carbono depende, em larga medida, do