I SÉRIE — NÚMERO 25
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abastecimento regular de matéria-prima de forma competitiva, sendo certo que o acesso a uma parte
considerável dessa matéria-prima está subordinado à exploração de recursos minerais.
Cerca de 60% dos metais usados nas tecnologias digitais, transição energética e novas formas de
mobilidade resultam de atividades de exploração e tratamento de recursos minerais, facto realçado
recentemente pela Comissão Europeia.
A ideia que queremos frisar neste debate é a de que o setor mineiro e toda a cadeia de transformação e de
comercialização a jusante não só não são incompatíveis com políticas de preservação ambiental, como podem
concorrer positivamente para a sustentabilidade ambiental e para a transição energética.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Dou, agora, a palavra ao Sr. Deputado Ascenso Simões, do PS.
O Sr. Ascenso Simões (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, em 1981, o Presidente Enver Hoxha convidou o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares para uma visita à Albânia e
disse-lhe: «Vocês nunca aceitem o desenvolvimento, porque essa coisa do desenvolvimento põe em causa o
nosso socialismo, o socialismo verdadeiro; essa coisa de fazer minas, indústria e olhar para o futuro é uma
coisa que põe em causa o nosso desenvolvimento, o desenvolvimento socialista, o socialista protegido, da
Albânia», que é hoje bem representado aqui por VV. Ex.as.
Mas, em 1985, também o Presidente Jaruzelski, na Polónia, chamou o Sr. Deputado João Oliveira e disse-
lhe: «Calma! Mineiros, não! Mineiros, não, porque os tipos são do Solidariedade, os tipos querem democracia!
Essa coisa dos mineiros é uma chatice». E agora muito mais! Perderam Aljustrel e, agora, já não importam
nada os mineiros, porque Aljustrel agora é socialista e quer desenvolvimento, não é?! Mais: Aljustrel até está
na zona da Rede Natura 2000! Vejam lá! Vamos fechar Aljustrel, exatamente porque está na Rede Natura
2000!
Mas não é só isso. O Sr. Deputado Adão Silva, na preparação deste debate, disse assim para a direção do
grupo parlamentar: «Bem, nós temos aqui um problema. Como foi o nosso partido que deu aquelas licenças lá
para Boticas e Montalegre, vamos recuperar o artigo 13.º da lei do condicionamento industrial e vamos dizer
‘somos contra tudo, desde que não seja para os nossos amigos’».
Esta é a posição do PSD: são contra tudo, desde que as minas não sejam para os seus amigos. Se fosse o
Eng.º Carlos Pimenta a promover esta coisa do lítio, já estava bem, porque, na altura do Eng.º Carlos Pimenta,
quando se deram aqueles bónus todos às eólicas, o PSD esteve calado.
Aplausos do PS.
E quando o Governo do Dr. Passos Coelho, apoiado pelo Dr. Luís Ramos, deu aquelas licenças para
Montalegre e Boticas — ah! — onde é que os ouviram? Onde é que eles estavam? Quem eram esses
Deputados do PSD que vêm agora, aqui, abrir os braços e dizer «Pois claro, defender as populações»?!
Bem, se nós tivéssemos o cuidado de olhar para as propostas destes partidos, com estas regras, nós, hoje,
ainda não tínhamos aterros sanitários, tínhamos lixeiras.
Aplausos do PS.
Éramos o País das lixeiras com estas regras que o Bloco de Esquerda, o PCP e o PSD aqui nos
apresentam. Ah, e também com as do PAN, que já aqui não está!
Bem, Sr. Presidente, temos aqui um problema. É que este debate não é sobre a questão em concreto da lei
das minas, este debate é a abertura da campanha eleitoral. Parece aquele momento em que os homens da
columbofilia abrem as portadas e saem as pombas todas de uma assentada. Estes partidos abriram as
portadas e saíram de assentada para a campanha eleitoral. E, então, vão picar no terreno: «onde é que nós
podemos ter mais três votos?» É aqui! Em Viana do Castelo, vamos ter mais três votos para o PAN, para o
Bloco de Esquerda, para o PSD ou para o PCP.