I SÉRIE — NÚMERO 27
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Ora, era exatamente esse o caminho que o PAN pretendia fazer, quando aqui apresentou um projeto de lei
que visava o reforço quer do PART quer do PROTransP, mas que teve o voto contra do PEV. Portanto, Sr.
Deputado, urge esclarecer o que, afinal, o PEV pretende.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Arrobas, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, começo por saudar a iniciativa do Partido Ecologista «Os Verdes», de alargar esta discussão a um nível nacional e não meramente
local, municipal, porque aí já começamos a ter algumas luzes e alguns programas que estão a ser
implementados.
As duas perguntas que gostaria de ver respondidas têm uma formulação muito rápida. Em primeiro lugar, se
o transporte passar a ser gratuito, existe alguma estimativa sobre qual o aumento da sua utilização? Como
garantir que não existe sobrelotação nos transportes públicos? Ao contrário, qual será a efetiva redução da
utilização do transporte individual?
Em segundo lugar, pensou ainda o Partido Ecologista «Os Verdes» se conseguiremos assegurar, de forma
equitativa, uma cobertura do território nacional?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, do PEV.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, começo por agradecer os pedidos de esclarecimento da Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do PAN, e do Sr. Deputado Miguel Arrobas, do CDS-PP.
Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, de facto, o nosso projeto de lei tem quatro segmentos populacionais como
objeto de análise. São as pessoas com deficiência, os desempregados, as pessoas com idade igual ou inferior
a 18 anos e os estudantes do ensino obrigatório. Não se dirige, de facto, aos jovens universitários, nem aos
estudantes abrangidos pela ação social, mas, como referi da tribuna, estamos abertos a receber os contributos
de outros partidos, em sede de especialidade.
Da nossa parte, a proposta que a Sr.ª Deputada hoje aqui adiantou será muito bem-vinda, assim haja
recetividade das restantes forças políticas para incluir também o segmento dos jovens universitários.
Relativamente ao exemplo que deu, de Guimarães, devo dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que Os Verdes já fizeram
muito pelos transportes públicos em Guimarães, mas, é verdade, ainda há ainda muito por fazer.
Quanto à pergunta que faz sobre a CIM e a área metropolitana, o que está previsto no projeto é que as
pessoas possam beneficiar da gratuitidade dos transportes públicos, naturalmente, na sua área de residência.
Se alargarmos isto aos jovens universitários, certamente que, depois, também teremos de adaptar o diploma ao
texto que se consensualizar. Mas contamos também com o contributo do PAN, para que este diploma seja o
mais consensual possível.
Sr. Deputado Miguel Arrobas, não, não temos estimativa do impacto que isto terá do ponto de vista da
ocupação dos transportes públicos. O que sabemos é que, quando o Programa de Apoio à Redução Tarifária
dos Transportes Públicos entrou em vigor, os transportes públicos andavam cheios. Porém, a solução não é
aquela que o Ministro do Ambiente, na altura, propunha, que era a de arrancar os bancos — arrancava os bancos
e, se fosse preciso, até o do motorista arrancava para caber lá mais uma pessoa!…
Portanto, tem de haver uma aposta séria nos transportes públicos, com investimento, porque para os
transportes públicos serem uma verdadeira alternativa à utilização da viatura individual têm de ter segurança,
conforto e, sobretudo, regularidade e certeza para que as pessoas não estejam naquela incerteza e indecisão
sobre se há ou não transporte, sobre se o mesmo vem ou não vem, sendo preciso também haver uma articulação
entre os vários operadores no terreno.
Contudo, o que nos parece é que não devemos avançar com políticas que possam permitir a utilização do
transporte público — porque é para aí que temos de caminhar quando falamos do combate às alterações
climáticas! — com medo de que, depois, os transportes públicos não deem resposta. Portanto, se a procura
aumenta, naturalmente a oferta também tem de ser reforçada. E é isso que andamos aqui, há todos estes anos,