I SÉRIE — NÚMERO 27
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OSr. Presidente:— Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Cruz, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Rui Cruz (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, li com atenção esta iniciativa legislativa e reparei que o PEV percebeu rapidamente como se transformou uma medida dita de cariz ambiental — combater
as alterações climáticas, reduzindo o uso dos automóveis e dos combustíveis fósseis no interior das cidades —
numa medida de cariz meramente instrumental.
Estamos em véspera de eleições e as famílias portuguesas da classe média já sentiram na carteira a
magnífica austeridade de esquerda. Infelizmente, para o ambiente, o programa de apoio à redução tarifária
tornou-se numa medida com efeitos enviesados, um instrumento eficaz para iludir a carga fiscal. Mais de dois
anos percorridos, aguardamos expectantes por um estudo credível sobre o impacto ambiental desse programa.
Apenas um!
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Está na internet!
O Sr. Rui Cruz (PSD): — Um estudo que nos informe e conclua pela redução efetiva e relevante do uso de transportes privados e de combustíveis fósseis, resultante da opção pelo uso de transportes públicos movidos
a energia limpa.
Assim sendo, o que pretende o PEV? É por demais evidente que os utilizadores visados nesta proposta
legislativa não usam com expressão transporte privado que altere os objetivos formais do programa de apoio à
redução tarifária. Parece-nos que se trata apenas de ampliar apoios sociais que já existem. E, uma vez mais, e
de forma imprudente e indiscriminada, enquanto se reduz o custo para utilizadores habituais de transporte
público e se financia no Orçamento do Estado a colossal dívida das empresas públicas de transporte, distribuem-
se, sem critério, recursos financeiros que o Estado já não tem e a economia não financia.
O PEV ter-se-á esquecido de que chumbou a proposta do Orçamento e que, por isso, não estamos em tempo
de especialidade?
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Também vocês?!
O Sr. Rui Cruz (PSD): — Bem sabemos que o PEV achava desnecessário ir a eleições. Queria este Governo, mas um novo Orçamento, o problema é que este Primeiro-Ministro queria aquele Orçamento e uma nova
maioria.
Então, o que pretende, verdadeiramente, o PEV com esta encenação? Consequências práticas, não serão,
certamente. Um combate eficaz às alterações climáticas, também não. Mais despesa pública sem receita
orçamental, sim, certamente. Antecipar a campanha eleitoral, sim, simplesmente.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Que bloco central tão estranho!
O Sr. Rui Cruz (PSD): — É tempo de perceberem que será outra maioria parlamentar, outro Governo e outra proposta orçamental a tratar destes assuntos. É tempo de perceberem que este Plenário não é uma sala de
teatro e que encenações serão já noutros palcos.
Aplausosdo PSD.
OSr. Presidente:— Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, começo por agradecer à Sr.a Deputada Diana Santos, do Bloco de Esquerda, ao Sr. Deputado Hugo Costa, do PS, e ao Sr. Deputado Rui
Cruz, do PSD, as perguntas que formularam.