I SÉRIE — NÚMERO 35
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mas também a ligação de Alqueva a esta albufeira através do projeto do circuito hidráulico de Messejana previsto
no Programa Nacional de Regadios, no terceiro aviso em concurso.
Neste contexto, assinei ontem mesmo o despacho através do qual reconhecemos a existência de uma
situação de seca severa e extrema e que vai permitir operacionalizar medidas mitigadoras do efeito da seca,
bem como acionar um conjunto de derrogações aos compromissos assumidos pelos agricultores no âmbito das
ajudas diretas e de superfície. Além disso, estão já a ser implementadas diversas medidas para mitigar os efeitos
negativos da seca na atividade agrícola.
A situação do Algarve é a que mais nos preocupa, pelo que já está a ser implementado o Plano de Eficiência
Hídrica naquela região. No que toca à agricultura, estão a ser investidos cerca de 17 milhões de euros no âmbito
do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), aos quais acresce cerca de 1 milhão de euros do Programa de
Desenvolvimento Rural, e quero destacar a recuperação do furo em Luz de Tavira, a reparação da descarga de
fundo da barragem da Bravura, a modernização da rede de distribuição do aproveitamento hidroagrícola do
Alvor e a construção da ligação do adutor do Funcho ao aproveitamento hidroagrícola de Silves, Lagoa e
Portimão.
Simultaneamente, e em conjunto com Espanha, apresentámos à Comissão Europeia um pacote de
intervenções de apoio aos agricultores ibéricos, de entre as quais quero destacar o reforço da percentagem dos
adiantamentos relativos aos pagamentos a realizar em outubro, no âmbito das ajudas diretas e das medidas de
superfície no desenvolvimento rural, para permitir uma nova medida, temporária e excecional, com recurso aos
fundos do desenvolvimento rural, de apoio ao rendimento dos agricultores e produtores pecuários afetados.
Contudo, e porque as alterações climáticas são fenómenos extremos cada vez mais recorrentes, é
necessário apostar em políticas estruturais enquadradas numa estratégia global. Por isso, foi e é tão importante
o Programa Nacional de Regadios, que, com um investimento de cerca de 560 milhões de euros, quer criar mais
resiliência aos efeitos das alterações climáticas modernizando os sistemas existentes.
A par do reforço do regadio público coletivo, eficiente e sustentável, lançámos apoios direcionados à
construção de charcas privadas, permitindo aos agricultores que aumentassem a capacidade de
armazenamento de água, e, com vista a definir a próxima etapa de um programa nacional de regadios,
encomendámos um estudo para suportar o levantamento do potencial do regadio de iniciativa pública, com o
horizonte de uma década. Neste contexto, são previstos investimentos em cerca de 750 milhões de euros,
metade para continuarmos a modernizar sistemas existentes e outro tanto para podermos construir novos
sistemas sempre que isso se justifique.
Convictos de que importa garantir uma transição justa e inclusiva, sem efeitos disruptivos, fechámos o acordo
da PAC (política agrícola comum), um dos mais ambiciosos das últimas décadas. A proposta do Plano
Estratégico Nacional apresentada à Comissão materializa esta ambição de compromisso com os portugueses,
com os agricultores, designadamente através da criação de regimes ecológicos e medidas agroambientais que
querem promover a melhoria dos solos, o uso sustentável dos recursos — entre os quais a água, um dos nossos
maiores ativos —, o apoio ao investimento verde, à tecnologia de precisão dos sistemas de rega, ao regadio
coletivo e também ao novo instrumento, o Fundo de Emergência Rural.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Ministra.
A Sr.ª Ministra da Agricultura: — Vou concluir, Sr. Presidente. Queremos continuar a apostar no conhecimento, na tecnologia, e foi por isso que, no âmbito do PRR, já
abrimos avisos que mobilizam 400 empresas no sentido de darem respostas efetivas à adaptação às alterações
climáticas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para iniciar o debate e fazer perguntas pelo Grupo Parlamentar do PSD, a Sr.ª Deputada Catarina Rocha Ferreira.
A Sr.ª Catarina Rocha Ferreira (PSD): — Ex.mo Sr. Presidente, Srs. Ministros, Sr.as e Srs. Deputados, o tema que traz os Srs. Ministros a esta Assembleia, a seca, além de ser muito grave, pode ter consequências ainda