4 DE MARÇO DE 2022
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Outra questão, Sr. Ministro, diz respeito ao Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para
Situações de Seca. Este Plano está atualizado à data de hoje ou do final do ano passado? Está operacional? O
Governo tem-se servido dele para tomar decisões, para implementar medidas? Se sim, quais e com que base?
A terceira questão tem que ver com a eficiência. O Sr. Ministro tem repetido — e não podemos estar mais de
acordo com a sua preocupação! — que grande parte das medidas e das estratégias para combater o problema
passa por uma utilização mais eficiente deste recurso, mas quando olhamos para o Programa Nacional para o
Uso Eficiente da Água (PNUEA) de 2020 verificamos que ele não foi revisto. É verdade, Sr. Ministro? É verdade
que o plano não está revisto?! Quando olhamos para os investimentos do PRR, vemos que só o Algarve é que
tem um plano regional de eficiência hídrica. E o resto do País? Quando é que vamos ter planos de eficiência
hídrica para as outras regiões? Ou a seca só atinge o Algarve?! Por que razão é que, no âmbito do PRR ou de
outros fundos, o Governo não decidiu implementar e mandar elaborar planos da mesma natureza? Será que
vamos ter planos similares nas outras regiões do País?
Para terminar as perguntas sobre os apoios, o Sr. Ministro anunciou que iria disponibilizar 5 milhões de euros
do Fundo Ambiental para campanhas de sensibilização e para soluções de contingência que possam ser
necessárias. A nossa dúvida, Sr. Ministro — gostava que me respondesse e que não fizesse como a Sr.ª Ministra
da Agricultura —, é a seguinte: em termos concretos, isto vai traduzir-se exatamente em quê? Quais são estas
soluções? Quais são os beneficiários? São mesmo para aplicar?
Relembro ao Sr. Ministro que, em 2018, o seu Ministério aprovou um pacote de ações de curto prazo, e cito,
«visando reforçar o armazenamento da água em 10 albufeiras», tendo disponibilizado 3,5 milhões de euros para
esta medida. Porém, segundo as informações que temos de 2019, nada foi feito. Alguma coisa foi feita neste
domínio, Sr. Ministro? O Governo tem preparado e, de alguma forma, procurado implementar as medidas
necessárias para poder combater esta crise da seca?
Mesmo para concluir, Sr. Ministro, nós sabemos que a seca veio para ficar e que o País tem de estar
preparado para enfrentar estas situações cada vez mais críticas, mas não vamos lá com anúncios e com
promessas. É preciso antecipar, é preciso planear, é preciso preparar o País, com tempo, para enfrentar a seca
porque, naturalmente, de outra forma a economia e os portugueses terão pela frente dias muito difíceis para
vencer.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Leite Ramos, começo pelo final da sua intervenção, para que não fique para o fim a pergunta que considerou que exige
respostas mais concretas.
Sr. Deputado, quando, há cerca de três anos, decidimos concentrar um conjunto de verbas do Fundo
Ambiental no apoio a soluções de emergência, as únicas que não foram concretizadas tiveram que ver com a
limpeza dos fundos das albufeiras, e por uma razão muito simples: quando começámos essa tarefa choveu
muito e não houve necessidade. Financiados por essas mesmas verbas, recordo-me, por exemplo, do
alteamento da barragem de Pretarouca, que passou a ter mais água, e do apoio aos camiões-cisterna, sobretudo
no Alentejo e, de uma maneira geral, na raia, em que houve necessidade de levar água a sítios onde os sistemas,
sendo isolados, não tinham redundâncias.
Estes 5 milhões de euros vão ser geridos pela APA. Não lhe sei dizer, com rigor, exatamente onde vão ser
aplicados, mas sei que vão ser para campanhas de sensibilização e para procurar origens alternativas,
mormente, indo buscar antigas origens públicas. Dou-lhe o exemplo concreto do Barlavento Algarvio e da
barragem da Bravura, que está exclusivamente reservada para o consumo humano e que tem água para dois
anos. Portanto, são atividades deste tipo que virão a ser financiadas por estes 5 milhões de euros.
Sr. Deputado, a Comissão Permanente da Seca tem reunido regularmente, sendo que, em mais de seis anos
que levo de Ministro, só houve um ano em que não houve seca, o ano de 2021. De facto, ao longo do ano
passado — e quando digo «ano» refiro-me, como bem sabe, ao período entre outubro de 2020 e outubro de
2021, pois é assim que se conta o ano hidrológico —, não tendo havido seca, não houve necessidade de agir
sobre ela.