25 DE FEVEREIRO DE 2023
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internacional seriam tão perdedores quanto a Ucrânia, porque a sobrevivência e a vitória do multilateralismo e
do direito internacional não é apenas uma questão de ideologia, é uma questão decisiva, incluindo para
Portugal.
Precisamos de poder contar com um sistema internacional e com mecanismos de diálogo baseados em
regras para que esteja plenamente garantida a nossa soberania, a nossa capacidade de decidirmos os nossos
próprios destinos.
A votação que ontem teve lugar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, demonstra que
a vasta maioria dos países membros das Nações Unidas compreendem perfeitamente o que está em jogo. A
resolução condenando a invasão russa logrou 141 votos a favor, com apenas 7 votos contra, havendo ainda
32 abstenções.
Esta votação representa um reflexo paralelo daquilo que observamos entre nós, com uma esmagadora
maioria da população portuguesa — e também dos Deputados eleitos para esta Câmara — a demonstrar que
apoia o povo ucraniano, que não considera haver espaço para falsas equivalências.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, tal como o caminho para a paz na II Guerra Mundial não começou com
uma negociação com o lado agressor, também neste caso a paz e a justiça só se poderão materializar através
da retirada pela Rússia das suas forças de todo o território ucraniano.
Só com o regresso da Rússia ao respeito pelo direito internacional é que poderá haver paz duradoura.
Quando isso acontecer, poderemos então, com respeito mútuo entre todas as nações, começar a repensar e a
reconstruir o tecido do sistema internacional, tão gravemente danificado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — O Sr. Ministro tem dois pedidos de esclarecimento, aos quais presumo que responda
em bloco.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros: — Exatamente, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Para formular o primeiro pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado
André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, cumprimento-o e, assinalando esta data que nos
deve unir a todos no propósito de uma defesa comum da Europa e da nossa civilização, lamento não poder
começar com o tema da Ucrânia num dia que é sobre a Ucrânia.
Lamento, porque, estando aqui hoje o Sr. Ministro, queria assinalar o desrespeito enorme que teve, ontem,
para com esta Casa, para com este Parlamente, e o desrespeito enorme que teve para com a maioria dos
democratas portugueses.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!
O Sr. André Ventura (CH): — Ontem, em Brasília, o Sr. Ministro anunciou que, no 25 de Abril, discursaria
nesta Casa o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Não é a si, enquanto Ministro do Governo, que lhe compete anunciar quem discursa nesta Casa.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!
O Sr. André Ventura (CH): — Sobre esse convite, que já nos envergonharia a todos — e, certamente,
envergonhará a maioria do povo português —,…
Protestos de Deputados do PS.
O Sr. André Ventura (CH): — … não seria a si, mas à Conferência de Líderes e ao Presidente da
Assembleia da República, que competiria esse anúncio.