I SÉRIE — NÚMERO 5
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com três ou mais anos de serviço. O reconhecimento do tempo de serviço, a eliminação das quotas de progressão entre escalões, a justa remuneração e progressão dos professores e dos outros profissionais, dos psicólogos aos assistentes operacionais, passando pelos técnicos de serviço social e terapeutas.
Estas medidas, aliás, plasmadas no projeto de resolução do PCP sobre a valorização dos trabalhadores da educação e da escola pública, são também indispensáveis à recuperação das aprendizagens, dificultada pela falta de créditos horários às escolas, por falta de financiamento e por carência de professores.
É igualmente indispensável o fim da imposição da reutilização dos manuais escolares no 1.º ciclo, que o Governo acaba de anunciar, dando razão ao PCP, mas à qual tem de juntar-se a efetiva gratuidade dos livros de fichas, que continuam a onerar as famílias.
Em relação ao ensino superior, assinala-se a gritante carência de 104 000 camas em residências estudantis públicas. O Governo bem acena com um programa de construção de residências, que não sai do papel, mas a verdade é que pretende passar de apenas 15 073 camas, em 2021, para apenas 26 772, em 2026, o que responde somente a 22,5 % dos 119 000 estudantes deslocados.
Impõe-se a ampliação urgente da rede pública de residências, o aumento do valor do complemento do alojamento, entre outras medidas. É também o caso das cantinas, cuja insuficiência é manifesta e nas quais os preços estão a ser agravados.
Urge, ainda, combater a precariedade dos professores do ensino superior, que atinge 53 % — repito, 53 %! — do total dos docentes, assim como a dos investigadores, cifrada em 75 % ou mesmo em 80 %, quando consideramos os bolseiros nos projetos e unidades de investigação.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Ministros e Secretários de Estado, esta situação não pode continuar. É imperioso valorizar, de facto, a escola pública.
Aplausos do PCP. O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, muito obrigado, também pelo cumprimento do tempo. Temos agora para intervir do lado do Governo, estando em causa dois Ministérios, os dois Ministros, sendo
que começa a Sr.ª Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato. Tem a palavra, Sr.ª Ministra. A Sr.ª Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Elvira Fortunato): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Agradeço, em primeiro lugar, ao PCP a oportunidade deste debate para falarmos um pouco sobre o início do ano letivo.
O ano letivo em curso está a iniciar de acordo com o previsto e atrevemo-nos mesmo a dizer que está a correr muito bem, face a todas as melhorias introduzidas no concurso nacional de acesso, assim como na ação social.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Muito bem! A Sr.ª Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: — Mas sabemos que há muito ainda a fazer.
Um dos aspetos mais preocupantes com que Portugal e a Europa se confrontam hoje em dia é o da habitação, e mesmo com os constrangimentos que, entretanto, surgiram, 60 % dos primeiros projetos contratualizados em setembro do ano passado, estão já em construção ou prestes a arrancar.
Reconhecemos que esse processo requer algum tempo para a sua integral concretização e o Governo tem tomado medidas para mitigar os problemas de alojamento no ensino superior. Contudo, até à total concretização do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, o maior investimento de sempre em residências públicas para estudantes, o Governo tem reforçado sucessivamente os apoios.
Como pensamos, acima de tudo, nas pessoas que são os estudantes e as suas famílias,… Protestos do Deputado do PSD António Prôa. … para além das várias medidas apresentadas na passada terça-feira sobre este mesmo tema, o Governo
avaliou e aprovou um reforço significativo do complemento de alojamento para estudantes bolseiros deslocados