I SÉRIE — NÚMERO 14
10
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, obrigado, por me permitir esclarecer isso.
Efetivamente, isso não é obrigatório no plano. Expressei-me mal, o que deveria ter dito é que fora sempre
um pressuposto, desde o momento da nacionalização, que ela seria parcialmente ou totalmente reprivatizada.
É isso que tenho a manter.
Aplausos do PS.
Vozes do CH: — Ah!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Miranda Sarmento.
O Sr. Joaquim Miranda Sarmento (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, creio que as suas
palavras no último debate eram de que não constava do plano, mas agora assume, de facto, que não era
obrigatório e, portanto, fica a questão sanada. Mas não ficam as outras contradições que eu lhe apontei
anteriormente.
Um último tema diz respeito a uma pergunta que lhe fiz no outro debate e que o senhor ignorou na sua
resposta, porque só respondia no final de todas as intervenções, e percebo bem o embaraço de não querer
responder. Tem que ver com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Sabemos que há um grave problema financeiro na Santa Casa. Sabemos, também, que esse problema
financeiro resulta de uma atividade ruinosa no plano da internacionalização da Santa Casa e que a nova
Provedora enviou informação crítica, e suspeita, para a Procuradoria-Geral da República.
Pergunto-lhe, Sr. Primeiro-Ministro: como é que é possível, perante a grave situação financeira da Santa
Casa, perante as irregularidades e as suspeitas que levam a nova provedora a enviar informação para a
Procuradoria-Geral da República, a pessoa que era responsável pela internacionalização na anterior Direção
não só permanece na nova Direção, como ainda é promovida a vice-provedora? O que é que se passa no seu
Governo? O senhor não é capaz de controlar estas nomeações?
Aplausos do PSD.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Não é o Governo, é a Santa Casa!
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, perante das contas da Santa Casa, o Governo,
através da Sr.ª Ministra do Trabalho da Solidariedade e Segurança Social, decidiu substituir a Direção da Santa
Casa. Assim fez e deu indicações à Sr.ª Procuradora para fazer uma auditoria às contas, o que fez e remeteu
os dados ao Ministério Público, porque assim se justificava.
Relativamente à TAP, deixe-me insistir num ponto. O que é ponto fundamental é termos o controlo estratégico
e o Estado não ter uma responsabilidade total, com a liberdade total por parte do privado que gere. Foi isso que,
irresponsavelmente, o Dr. Miguel Pinto Luz assinou às três da manhã, já depois de o Governo estar demitido:
uma garantia ilimitada para dívidas futuras.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Já não havia luz!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A garantia do controlo estratégico tanto se faz com 100 % do capital, como com
50 % do capital, ou, até, com 10 % do capital. Tudo depende de quem é o sócio e de qual seja o pacto social.