I SÉRIE — NÚMERO 16
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Aplausos do PS.
Os contratos-programa celebrados entre o IPDJ e os comités totalizam 32 milhões e 100 mil euros,
assegurando um aumento médio de 20 % das bolsas dos atletas e treinadores, para além da melhoria das
condições na preparação e qualificação para os jogos.
Chegou a vez da construção do último piso do edifício do alto rendimento desportivo: o reforço das medidas
de apoio aos praticantes desportivos olímpicos, paralímpicos e de alto rendimento, após o termo da sua carreira,
uma reivindicação antiga do setor, que vê, nesta proposta de lei, um avanço significativo.
Os sacrifícios realizados pelos atletas ao longo das suas carreiras traduzem-se, muitas vezes, na
impossibilidade de conciliar os regimes intensivos de treino e competição com o exercício de outras funções
profissionais a tempo inteiro, o que acarreta riscos acrescidos no contexto do desenvolvimento da sua vida
profissional, após a conclusão da carreira desportiva. Importa, por isso, dar resposta às circunstâncias
decorrentes dos efeitos do termo da carreira desportiva, garantindo-se que, após a sua cessação, os atletas
veem aproveitado o saber e as competências que o desporto de alto rendimento, a um nível extremamente
exigente e competitivo, permite adquirir.
Desta forma, através da presente proposta de lei, pretende-se estabelecer um sistema de quotas de emprego
público e especiais condições de acesso a procedimentos concursais nos serviços e organismos da
administração central, regional e local. Pretende-se, igualmente, que os atletas de alto rendimento passem a ser
considerados destinatários das medidas de apoio à criação de empresas do Programa de Apoio ao
Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego.
Sr.as e Srs. Deputados, a plataforma nacional para o tratamento da manipulação das competições desportivas
é o maior avanço no combate aos comportamentos antidesportivos e à corrupção no desporto. O reforço das
medidas pós-carreira é o último e imprescindível piso do edifício do alto rendimento.
Estas são duas propostas que fazem a diferença no sistema desportivo nacional.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para apresentar as iniciativas do PAN, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa
Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:
Cumprimento-vos e também os jovens presentes nas galerias.
O caso do beijo forçado de Rubiales à jogadora Jenni Hermoso foi, sem dúvida, um caso que trouxe para os
holofotes mediáticos o tema do assédio no desporto. Mas este é um caso que está longe de ser isolado, uma
vez que aquilo que os dados nos dizem é que, em todo o mundo, 5 em cada 10 desportistas já foram vítimas de
assédio sexual. Só este ano, até setembro, em Portugal, foram recebidas 26 queixas de assédio, o que significa
cerca de três denúncias de assédio por mês.
Neste debate, o PAN realça os esforços de algumas federações desportivas e do próprio IPDJ, que tomaram
medidas de combate a este flagelo, mas entendemos que o quadro legal pode e deve ir mais longe na proteção
dos atletas e na prevenção do assédio nas suas diferentes vertentes, transformando em lei as boas práticas que
já existem.
Por isso mesmo, de forma construtiva e alinhados com as preocupações das federações, trazemos aqui
algumas propostas.
Em primeiro lugar, propomos que o assédio passe a ser considerado uma violação das normas de defesa da
ética desportiva, tal como já sucede na Federação Portuguesa de Futebol e como estabelecem, também, a Carta
Europeia do Desporto e o Código de Ética Desportiva. Só 2 em 68 federações desportivas é que têm normas
claras de prevenção e punição do assédio.
Em segundo lugar, propomos que as federações desportivas criem nos seus conselhos de disciplina um
canal de denúncia, à semelhança do que acontece na Federação Portuguesa de Futebol, como garantia de
proteção ao denunciante sobre a violação de normas de ética desportiva, para que, efetivamente, possamos ter
consequências, tal como já verificámos, em alguns casos, no nosso País.