21 DE OUTUBRO DE 2023
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Israel tem imposto desde 9 de outubro à população de Gaza — privada do acesso a energia, a comida, a água,
a bens de primeira necessidade, privada até do direito de fuga — é um imperdoável crime de guerra. Não pode
haver silêncio sobre isto.
O presente voto foi votado ponto a ponto. O Bloco de Esquerda condena o Hamas, exige a libertação de
reféns, repudia o cerco a Gaza, apela à paz. Assim, votou a favor dos pontos 1, 3, 4 e 5.
Votámos contra o ponto 2 na formulação que tem. Dos 2 milhões de habitantes de Gaza, metade dos quais
crianças, cerca de 1 milhão já perdeu ou teve de abandonar as suas casas. Mais de 2600 pessoas foram
assassinadas pelos ataques israelitas, 12 jornalistas perderam a vida, 14 funcionários da ONU e 5 do Crescente
Vermelho foram mortos. Em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, as forças militares israelitas e colonos armados
têm aumentado a violência e o assassinato de civis. Isto é defesa de um país? Isto é «autodefesa»?
Quantos mais milhares de civis terão de ser assassinados até se cumprir a «autodefesa»? Quantos mais
milhares de mortes comporta a suposta «proporcionalidade»? O que está a acontecer não é o exercício do
«direito à autodefesa» por parte de Israel. É um massacre, um horror, uma sucessão de crimes, um genocídio
que tem de ser parado já.
Que a Europa ouça Guterres. Que o mundo ouça Guterres. Que este Parlamento ouça Guterres. A urgência
é um cessar-fogo imediato. E depois disso, o fim da política de ocupação, de limpeza étnica e do apartheid, o
fim do terror e o reconhecimento do direito a um Estado palestiniano independente, como prometido pela ONU.
As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda.
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Os Deputados signatários desta declaração de voto condenam, de forma absoluta e inequívoca, o bárbaro
ataque terrorista do Hamas a Israel. Expressamos para com o Estado de Israel e os familiares das vítimas o
nosso profundo pesar.
Reafirmamos os apelos internacionais para a libertação de reféns, exigindo ao Hamas o fim do sequestro e
do terror.
Consideramos que Israel tem direito a defender-se dentro dos limites do Direito Internacional e do Direito
Internacional Humanitário, devendo para o efeito atender à especial exposição e vulnerabilidade de milhões de
civis palestinianos desarmados, indefesos e encurralados em Gaza, que não se confundem com o Hamas e por
isso não podem ser punidos pelo seu terrorismo.
Condenamos o corte de abastecimento de Israel à Faixa de Gaza, provocando e agudizando a crise
humanitária naquele território. Apelamos a que sejam cumpridos os pedidos das Nações Unidas para a criação
de corredores humanitários, para abastecimento e acesso de água, comida, medicamentos ou combustíveis e
para um cessar-fogo humanitário.
Apelamos a uma investigação internacional independente para eventuais crimes de guerra, como sejam o
bombardeamento de estruturas civis, a destruição de hospitais ou equipamentos de saúde ou outros.
Manifestamos o nosso apoio a todos os esforços da comunidade internacional para conversações de paz
que impeçam a proliferação do conflito à escala regional e acautelem as justas aspirações de israelitas e
palestinianos à sua autodeterminação, numa solução de dois estados que observe os direitos humanos e as
várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os Deputado(a)s do PS, Diogo Leão — Eduardo Alves — Hugo Carvalho — Maria Begonha — Miguel dos
Santos Rodrigues — Pedro Anastácio — Susana Barroso — Tiago Soares Monteiro.
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Relativa aos Projetos de Lei n.os 307/XV/1.ª , 308/XV/1.ª e 821/XV/1.ª e aos Projetos de Resolução n.os
203/XV/1.ª, 859/XV/1.ª e 936/XV/2.ª:
O PSD, no passado dia 20 de outubro, na votação na generalidade respeitante às iniciativas acima
identificadas votou contra os Projetos de Lei n.os 307/XV/1.ª e 308/XV/1.ª, a favor do Projeto de Resolução n.º
859/XV/1.ª, e absteve-se nas restantes, pelas seguintes razões: