I SÉRIE — NÚMERO 19
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O Sr. Duarte Alves (PCP): — … para que nos possamos concentrar naquilo que interessa. Aplausos do PCP. O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento, em nome do Grupo Parlamentar do Chega, tem a
palavra o Sr. Deputado Rui Afonso. O Sr. Rui Afonso (CH): — Sr. Presidente de algumas bancadas, Srs. Membros do Governo, Sr.as e
Srs. Deputados, Sr. Ministro das Finanças, este é um Orçamento tipicamente socialista. As famílias pagarão menos IRS…
O Sr. Miguel Cabrita (PS): — Confirma-se! O Sr. Rui Afonso (CH): — … e terão mais apoios, mas a verdade é que estes apoios e estes aumentos
serão consumidos em impostos indiretos. O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem! O Sr. Rui Afonso (CH): — O Sr. Ministro afirma que a redução das taxas de IRS até ao 5.º escalão
significará uma poupança de cerca de 1000 milhões de euros. A questão, Sr. Ministro, é que a sua decisão de, em 2022, não ter atualizado os escalões de IRS representa um agravamento fiscal de 550 milhões de euros, em 2022, e 550 milhões de euros, em 2023, pelo seu efeito permanente. Ou seja, nestes termos, a redução agora proposta nem sequer compensa o agravamento de IRS que as famílias portuguesas sofreram nos últimos dois anos.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Bem lembrado! O Sr. Rui Afonso (CH): — E além disso, há que ver que, apesar desta dita redução de 1000 milhões de
euros, como a massa salarial irá aumentar, a perda para o Estado será reduzida para uns insignificantes 70 milhões de euros.
Mas voltemos ao grande truque deste Orçamento: as famílias poupam na hora de receber o salário, por causa das novas tabelas de retenção na fonte, mas, depois, pagam mais na hora de consumir. O português comum que fumar, inclusive cigarros eletrónicos sem nicotina, vai render ao Estado mais 218 milhões de euros do que este ano. O português comum que consome bebidas alcoólicas também vai gerar mais receita ao Estado. No total, deverá render mais 40 % do que este ano, ou seja, mais 127 milhões de euros.
Protestos do Deputado do PS Paulo Marques. A receita de IVA que pagamos em inúmeros produtos, como os bens alimentares, deverá crescer mais 8 %
no total. O Estado conta receber mais 1780 milhões de euros do que este ano. Mas o português comum, que conduz e precisa do carro para ir trabalhar ou levar os filhos à escola,
também vai render mais dinheiro ao Estado. O Sr. Pedro Pinto (CH): — Claro! O Sr. Rui Afonso (CH): — Só com o IUC, imposto do selo, e ISV (imposto sobre veículos), o Governo
prevê encaixar mais 200 milhões de euros do que este ano. E, já com o ISP, o Estado prevê arrecadar mais 364 milhões de euros do que este ano.
Por isso, Sr. Ministro, embora o senhor não queira admitir, é indesmentível que os portugueses vão pagar muito mais impostos em 2024 do que em 2023.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem!