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2 DE NOVEMBRO DE 2023

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devemos fazer com esta estratégia e aí, lamento dizer, não pode ser o PS a decidi-la sozinho, nem a achar que tem as soluções todas e as ideias todas boas para o futuro do nosso País,…

O Sr. Bruno Nunes (CH): — Dirija-se à bancada do PS! O Sr. Rui Tavares (L): — … até porque o PS não terá sempre maioria absoluta nesta Assembleia da

República. Vozes doPSD: — É verdade! O Sr. Rui Tavares (L): — Agora, o essencial é perceber que um país que paga a dívida pública poupa duas

vezes: poupa ao pagar a dívida pública e poupa nos juros futuros do serviço à dívida. Estamos de acordo em relação a isso.

Ora, a mesma lógica se aplica a uma série de outros problemas sociais que o País tem. Se nós acudirmos já às pessoas que estão a ficar sem abrigo agora, a casais em que os dois trabalham, que têm salários e que estão a ficar na rua, é para as pessoas muito mais humano e solidário da parte da nossa sociedade resolver o problema já do que deixar arrastar, e para o Estado, para a Administração Pública, para as IPSS (instituições particulares de solidariedade social), é muito mais eficaz e até muito mais barato do que, depois, estar a tentar resolver o problema de quem já está sem abrigo há seis meses, há um ano, há dois anos, como, infelizmente, se tem vindo a verificar.

Ora, os reforços que temos na Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo são muito diminutos em relação ao tsunâmi que está aí a vir do sofrimento das pessoas pelo aumento do preço das casas.

E, portanto, evidentemente, aqui também se aplica a mesma lógica, ou seja, quem age imediatamente, quem é solidário já, poupa duas vezes.

Vejamos a ciência e o ensino superior: nós chegamos a este Orçamento com o menor investimento de sempre do Estado português em ciência,…

O Sr. Pedro Pinto (CH): — Mas nos gabinetes não! O Sr. Rui Tavares (L): — … e com este Orçamento, se ele sair daqui da maneira como entrou — o que

esperamos, francamente, que não aconteça —, será pior ainda. Nós não podemos preparar o futuro sem preparar a ciência, não podemos estar só à espera de quando vêm os fundos europeus, nem de quando for criado o fundo de investimento público, do qual falarei de seguida, e que a partir de 2026 gradualmente substituirá os fundos europeus.

Em relação a esta última ideia, a Lei de Enquadramento Orçamental diz que o excedente deve ir, principalmente, para pagar a dívida. É até, na minha interpretação, mais restritiva do que é o próprio Tratado Orçamental.

Ora, acontece que o Livre propôs, já há vários meses, a ideia de termos um compromisso de equidade de investimento, discutido anualmente aqui na Assembleia da República. Toda a gente conhece os Pactos de Estabilidade e Crescimento que enviamos a Bruxelas todos os anos, precisamente para lidar com o problema do défice. Agora que o problema com o qual temos de lidar é um problema melhor, é um problema de excedente, é justo que os portugueses que se sacrificaram para criar esse excedente possam participar num grande debate público, nesta Casa e fora dela, acerca de em que é que vai ser utilizado esse excedente. Pagar a dívida, uma parte; atender à emergência social, outra parte, porque também é melhor, mais eficaz e é mais barato para o Estado, como aqui expliquei; e preparar o futuro, outra parte.

Protestos do Deputado do CH Filipe Melo. O Governo, aliás, o Sr. Primeiro-Ministro, no último debate quinzenal, respondeu, acho que, pelo menos em

parte, a esta pergunta do Livre, com a proposta de criação do fundo de investimento, mas, em primeiro lugar,