25 DE NOVEMBRO DE 2023
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O Sr. Presidente: — Para intervir sobre a mesma proposta, em nome do partido Livre, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Tavares.
O Sr. Rui Tavares (L): — Sr. Presidente, bom dia, Caras e Caros Colegas, Sr.as e Srs. Membros do
Governo, Caros Concidadãos nas galerias, Sr. Deputado João Cotrim Figueiredo, devo dizer que não estava à espera que o Sr. Deputado, na apresentação de uma proposta na qual propõe que o produto da venda da TAP seja distribuído por todos os portugueses de forma igualitária — portanto, se forem 500 milhões de euros por 10 milhões de portugueses, dá 50 € a cada um —, ainda tivesse, enfim, o descaramento de vir verberar o eleitoralismo dos outros.
Risos do Deputado do PCP Bruno Dias. Não há proposta mais eleitoralista do que esta. Se fosse aplicada a qualquer outro ativo nacional, bem,
também daria a mesma coisa. Vendíamos as Selvagens ou as Desertas, fazia-se uma majoração para os madeirenses e podiam, além do jantar, beber um cafezinho a seguir.
Não é sério vir falar do que é um ativo nacional, que ainda se pode valorizar. Basta que a Iniciativa Liberal, que certamente é tão atenta ao mercado, pesquise qualquer consultora da área do setor aeronáutico. Tenho à minha frente um relatório da Gridpoint Consulting que diz que a TAP é das empresas que mais pode beneficiar com a passagem de uma parte da sua frota, 20 % dela é de fuselagem estreita, e se for para aviões de fuselagem larga, significa menos emissões por passageiro, mais gente para as mesmas rotas.
Isto significa que aquilo que a Iniciativa Liberal quer fazer é vender a «galinha dos ovos de ouro», distribuir uma febra aqui, uma asinha acolá, uma coxa acoli, quando há uma ideia melhor: deixar a TAP desenvolver-se, deixar a TAP dar lucro, como está a dar.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Está a dar lucro à custa dos trabalhadores! O Sr. Rui Tavares (L): — Esse lucro deve reverter, sim, para o País, e deve fazer-se da TAP um centro de
conhecimento avançado na transição energética das aeronaves, na passagem para outros combustíveis, na nossa ligação ao resto do mundo, como um posto avançado do que o País pode ser: uma economia do conhecimento que gera valor e que distribui esse valor, mas que não decide logo, à primeira dificuldade, distribuir esse valor por atacado. Tanto o português rico como o português pobre leva os mesmos 50 €, e a TAP voou.
Aplausos de Deputados do PS. O Sr. Presidente: — Tem a palavra, sobre o mesmo artigo, em nome da Iniciativa Liberal, o Sr. Deputado
João Cotrim de Figueiredo. O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Rui Tavares, muito obrigado por fazer
o argumento por mim, porque, se há motivo pelo qual não devem ser nem políticos, nem partidos, nem o Estado a governar empresas públicas, esse motivo está contido na sua apresentação.
Protestos do L. Está a discutir se é fuselagem larga, se é fuselagem estreita, se vai gastar menos por passageiro ou não…
Nenhum de nós sabe! Se há indústria no mundo que é mais volátil e que tanto perde num ano aquilo que ganha em três é a indústria da aviação. Eu não quero os portugueses a brincar aos aviões!
O Sr. Rui Tavares (L): — Vamos lá despachá-la! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Se o dinheiro dos portugueses foi investido na companhia sem lhes
perguntarem, vai ser devolvido aos portugueses sem terem de o pedir. É tão simples quanto isto.