25 DE NOVEMBRO DE 2023
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O PAN apresentou medidas muito claras, como alargar a gratuidade dos passes a todos os jovens até aos 25 anos e não apenas aos estudantes, e apresentou também a medida para que, pelo menos, os jovens dos cursos profissionais possam ter esta gratuidade.
Como bem sabemos, há muitos jovens que nem um quarto conseguem alugar, nos sítios onde estudam. Falamos de preços exorbitantes, que ascendem até aos 300 €, 400 € e 500 €. Isto implica continuarem a ter de morar no seu local de residência, deslocando-se diariamente, quotidianamente, para as cidades, para estudar.
Não posso, por fim, deixar de fazer uma referência, para concluir. Ainda esta segunda-feira celebrámos os 34 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança. Por todo o País, milhares de crianças das creches e das escolas mobilizaram-se, através do Dia Nacional do Pijama, para defender o direito das crianças a crescer numa família.
O PAN não pode deixar de falar num conjunto de medidas propostas neste Orçamento que garantem os direitos das crianças. Ainda hoje, vamos levar a votação uma proposta que é muito importante: a detenção, prevenção e mitigação da violência contra crianças, que passa pela atribuição de uma verba para o desenvolvimento de medidas, projetos e ações de prevenção que combatam práticas tradicionais nefastas, nomeadamente, a mutilação genital feminina. Quanto aos casamentos infantis precoces e forçados, propomos também que, no próximo ano, seja aprovado um projeto para práticas saudáveis, para lhes pôr fim. E precisamos também de alargar a todas as crianças o acesso às creches gratuitas, mesmo quando os pais preencham os requisitos e não haja vagas.
Não podíamos deixar de evocar este dia, ainda que não estejamos, evidentemente, no dia em concreto, porque, de facto, o Orçamento é feito de opções e, no meio de todas estas opções políticas, que haja pelo menos uma priorização: o superior interesse da criança.
O Sr. Presidente: — Para intervir, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro
Nuno Teixeira. O Sr. Secretário de Estado do Ensino Superior (Pedro Nuno Teixeira): — Sr. Presidente, Sr.as e
Srs. Deputados, a questão das taxas e emolumentos é, obviamente, uma preocupação para o Governo. Nesse sentido, o Governo fez um mapeamento, ao longo deste ano, de todas as taxas e emolumentos
cobrados pelas instituições de ensino superior e aquilo que se verifica é que há, de facto, uma grande disparidade de valores para o mesmo tipo de serviço, e também se observam diferenças, havendo situações em que há instituições que cobram e outras que não cobram por este serviço.
Por isso, parece-nos absolutamente claro que há um esforço de regulação que tem de ser feito, em cooperação com as instituições, respeitando a sua autonomia.
De facto, parece-nos que a proposta do Partido Socialista faz sentido, para que se faça um caminho, ao longo de 2024, de regular e de clarificar aquelas taxas e aqueles emolumentos que têm uma justificação clara e aqueles que claramente não têm, sendo também que aquele valor deve ser ajustado.
Este, aliás, é um Orçamento onde cabe claramente fazer isso, porque marca um reforço significativo do financiamento público das instituições de ensino superior: mais de 138 milhões de euros, mais 10,7 % de aumento da dotação das instituições de ensino superior. Por isso, há capacidade para acomodar estas alterações no orçamento das instituições de ensino superior.
Este é também um Orçamento — permitam-me dizer — que reforça, de uma forma significativa, o Fundo de Ação Social: mais de 26 % de aumento das receitas de impostos para o Fundo de Ação Social, o que garante que, em 2024, mais do que duplicaremos o orçamento de receitas de impostos em ação social, face a 2022.
Este é o Orçamento que permite pagar um complemento de alojamento aos estudantes, em linha com o valor do custo médio por quarto, no mercado.
Este é o Orçamento que permite reforçar o complemento de transporte para os estudantes bolseiros deslocados.
Este é, portanto, um Orçamento que claramente tem preocupações de reforço do ensino superior e de reforço, em particular, do apoio àqueles que têm mais carência e mais necessidade.