O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 DE NOVEMBRO DE 2023

11

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Sobre o mesmo tema, tem agora a palavra o Sr. Deputado Rui Tavares, do Livre.

O Sr. Rui Tavares (L): — Bom dia, Sr. Presidente, caras e caros Colegas, Sr.as e Srs. Membros do Governo,

caros concidadãos nas galerias, particularmente os jovens.

Estamos a aproximar-nos das eleições, estamos num momento político singular, pelo que é natural que a

campanha se vá fazendo sentir e suba à cabeça de alguns, mesmo num debate que hoje é sobre temas mais

áridos de fiscalidade, embora sejam centrais em qualquer Orçamento do Estado.

Mas eu queria começar por notar que nem tudo é mau, que o debate no nosso País avançou nos últimos

anos e que, pelo menos, há acordo num assunto em relação ao qual ainda há poucos anos não havia, que é o

seguinte: não podemos continuar a ser um País de baixos salários, não podemos continuar presos numa

armadilha de baixos salários.

Depois, há perspetivas diferentes acerca disso, à esquerda e à direita, contudo, espero que longe vão os

tempos — e que os possamos enterrar de vez — em que Portugal se queria sempre vender como o País dos

baixos salários, em que havia políticos que diziam que essa era a nossa vantagem competitiva e que, aliás, o

nosso problema era os famosos custos unitários de trabalho e o que era preciso era Portugal rebaixar, aviltar

mais ainda o valor do trabalho, porque isso é que nos distinguiria lá fora.

Espero que esse erro esteja enterrado de vez. Isto porque, se Portugal tem de se apresentar de alguma

maneira no mercado europeu e global, é como um País que está a fazer o seu caminho para sair da armadilha

dos rendimentos médios e passar a ser uma economia de alto valor acrescentado. Só isso permite fazer subir

salários, sem truques. Os salários sobem porque há mais produtividade e porque se produz com mais valor, e

só isso, a prazo — porque não se consegue de um dia para o outro —, permitirá ter serviços públicos de melhor

qualidade e mais universais, com uma arrecadação fiscal mais justa e distribuída de uma forma progressiva, e

uma segurança social mais reforçada.

A partir daqui, começam as diferenças. Temo que a direita esteja a fazer com a questão dos impostos sobre

o trabalho o mesmo tipo de truques de que muitas vezes acusa a esquerda de fazer com a redistribuição. Isto

porque, com a redistribuição, dizem que é preciso fazer crescer o bolo para depois o distribuir. Sabemos que

não é verdade que a pré-distribuição ajuda a fazer crescer o bolo, porque torna uma sociedade mais igual. O

que estão a dizer é que é preciso devolver já impostos para que os salários aumentem. Aumentam,

evidentemente, como rendimento disponível no bolso de quem trabalha, que passa a receber mais — isso é

verdade! —, mas também é preciso dizer às pessoas que os seus pais e que os seus avós, no centro de saúde,

no centro de dia, nos auxílios que têm do Estado, bem como as pessoas que estão à sua volta, as que vivem

sem abrigo, terão menos apoios, porque o Estado terá menos rendimento para distribuir.

O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Não há nada para comparar!

O Sr. Rui Tavares (L): — Portanto, é bom que Portugal possa fazer voar quem é dinâmico e quem quer

render mais, mas é importante que saibamos que queremos uma sociedade coesa. A maior parte — diria mesmo

a enorme maioria — dos portugueses quer uma sociedade coesa e não quer que isso seja feito à custa de

deixarmos para trás aqueles que nos trouxeram até onde estamos, isto é, os nossos pais, os nossos avós e,

para muitos destes jovens aqui, nas galerias, os seus bisavós.

Ora, é isso que a direita está a prometer. Há um passe de mágica aqui, que é: «Ganhe mais já!»

Protestos do Deputado do PSD Rui Afonso.

É um bocadinho como aqueles postais que recebíamos na caixa de correio, que diziam: «Fique rico agora.»

Mas fica rico agora à conta de deixar os mais pobres e os mais vulneráveis para trás e de deixar o nosso País

com menos apoio do que aquele que tinha.

Protestos do Deputado do PSD Afonso Oliveira.