I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Pergunte aos trabalhadores!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Porque é que isto é negativo para os trabalhadores? Porque isto, por um lado,
sujeita os trabalhadores às arbitrariedades da entidade patronal e, por outro lado, reduz as suas contribuições
para a segurança social.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Isso não é verdade!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — E, ao reduzir as suas contribuições, reduz a sua proteção na doença, reduz a
sua proteção na maternidade e na paternidade, reduz a sua proteção em situações de desemprego e contribui
para reformas mais baixas, no futuro.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Exatamente!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Na verdade, é esta a marca do PSD, de que o PSD não se consegue desligar,
nem com as declarações do seu Presidente, no último congresso. A marca do PSD é o ataque às pensões.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Não é verdade!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — O que fazem hoje é atacar os salários, atacar o aumento dos salários, para
atacar as pensões do futuro.
Aplausos do PCP.
É essa a marca que o PSD quer deixar, com esta proposta.
Aquilo que é necessário, Srs. Deputados, do ponto de vista fiscal e no IRS, são as propostas que o PCP
colocou à votação ontem, para atualizar a dedução específica e para baixar a tributação nos escalões mais
baixos, tendo impacto nos rendimentos mais baixos e intermédios; é o englobamento, para criar justiça fiscal
entre todos os contribuintes; é a tributação dos lucros dos grandes grupos económicos, para que sejam
tributados em Portugal os lucros que são realizados em Portugal.
Quanto aos rendimentos dos trabalhadores, a exigência do momento é o aumento dos salários, não é
aumentar prémios que ficam isentos de contribuições para a segurança social, desprotegendo assim os
trabalhadores. Aquilo que é preciso é aumentar os salários, porque os salários de hoje são as pensões de
amanhã.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Também é verdade!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — E isso, o PSD sabe bem. Por isso é que apresenta esta proposta, que,
naturalmente, rejeitaremos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Ainda sobre o mesmo tema, em nome do Grupo Parlamentar do Chega, tem a palavra
o Sr. Deputado André Ventura.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente de algumas bancadas, o debate sobre este artigo é
particularmente paradigmático de como a esquerda funciona em Portugal. Por um lado, encheu o País de
impostos, ao longo dos últimos anos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Isso foi a direita!