I SÉRIE — NÚMERO 23
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Estamos a voltar atrás e não a andar para a frente, porque vocês nos estão a dizer que vamos cortar as
gorduras do Estado, que tudo o que é do Estado é desperdício, que é possível cobrar menos e gastar menos e
deixar os mesmos apoios.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Engordar o Estado!
O Sr. Rui Tavares (L): — Tentámos isso há 10 anos. Não funcionou! Não havia gorduras do Estado
suficientes para que pudéssemos cortar isso tudo. Não cortámos na gordura. Na verdade, há 10 anos, cortámos
no músculo do Estado social e, com isso, ficámos mais fracos e estamos a pagar o preço até hoje.
No entanto, nunca oiço a direita falar daquilo que comprovadamente, nos países da Europa, nos países da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), deu resultado, em termos de
aumentos salariais. O que é que deu resultado? A negociação coletiva, como fazem na Dinamarca, como fazem
na Suécia, como fazem em tantos países da Europa. Falo da codeterminação, ou seja, da presença de
trabalhadores nos conselhos de administração das empresas, como é obrigatório por lei na Alemanha.
Ora, porque é que nunca oiço a direita — até a direita que cita sempre estes casos — dizer que também quer
a mesma negociação coletiva, que também quer a mesma codeterminação e que também quer reforçar o poder
dos sindicatos? É que, evidentemente, dar poder aos muitos que são mais fracos é torná-los mais fortes e mais
capazes de negociar os seus bons salários. Portanto, repito, não oiço nunca a direita falar naquilo que
historicamente deu certo em termos de subidas de salários.
Protestos do CH.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Rui Tavares (L): — Oiço a direita dizer que vai fazer um passe de mágica e que, diminuindo os
impostos, as pessoas ficam com mais dinheiro no bolso. Mas elas acabam, depois, a pagar tudo aquilo que o
Estado deixa de providenciar.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Protestos do CH.
O Sr. André Ventura (CH): — Isto era sobre alojamento estudantil!
O Sr. Presidente: — Sobre o mesmo tema, tem agora a palavra o Sr. Deputado João Cotrim Figueiredo, da
Iniciativa Liberal.
O Sr. André Ventura (CH): — Falou 5 minutos sobre outra coisa qualquer. Deveria tê-lo advertido!
O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado André Ventura deseja usar da palavra? Não?
Tem, então, a palavra o Sr. Deputado João Cotrim Figueiredo.
O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Rui Tavares, excecionalmente, vou a
jogo e mordo o seu isco.
Eu e a Iniciativa Liberal defendemos a existência de contratação coletiva forte. Defendemos a existência da
participação dos trabalhadores nos processos de gestão. Faço-lhe a vontade: está dito!
Protestos do L.
Posso repetir, mas está dito.
Agora, dou-lhe uma novidade. O Sr. Deputado acha que, em 123 000 milhões de euros de despesa pública,
não há possibilidade de arranjar poupanças para pagar várias reformas fiscais?! Acha que não há?!