I SÉRIE — NÚMERO 24
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Não deixaremos a EDP em paz até que pague todos os impostos que deve e não desistimos de baixar as
rendas e de baixar os juros da habitação.
A fraqueza deste Orçamento não é ser defendido por um Governo demissionário. O Orçamento já era fraco,
quando o Governo se dizia forte, e é fraco porque escolhe remendos, quando o País exige soluções. Um por
um, os problemas do País foram ignorados pela maioria absoluta. Pelas soluções, agora responderá o povo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para intervir em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Não deixa
de ser inusitado que se conclua a discussão do Orçamento quando está anunciada a demissão do Governo e
estão marcadas eleições antecipadas.
Tem significado político que quer PS quer partidos de direita defendam a aprovação de um Orçamento que
não vai melhorar a vida dos trabalhadores e do povo nem assegurará melhores serviços públicos nem mais
justiça fiscal, independentemente do sentido de voto que assumirão, daqui a uns minutos.
Mas há quem vá continuar a ganhar — e muito! — com as opções que nele constam:…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … o capital, daí tanto interesse em salvá-lo.
O PCP assumiu uma intervenção própria, com soluções concretas para dar resposta a problemas prementes
que não podem ficar à espera. Com arranjos diversos, no essencial, as propostas do PCP foram rejeitadas pelo
PS, sozinho ou acompanhado por PSD, Iniciativa Liberal e Chega, em conjunto ou à vez.
É sintomático que, no que se prende com o fim dos benefícios fiscais para os grupos económicos, o fim das
parcerias público-privadas ou a continuação das privatizações, todos — PS, PSD, IL e Chega — o rejeitam, para
garantir aos grupos económicos a continuação da acumulação de chorudos lucros.
O Sr. André Ventura (CH): — Para os partidos políticos também!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Depois de o PS ter recuado no IUC — que, além de injusto, serviu para ocultar
todas as outras opções patentes na convergência do PS com os partidos à sua direita no favorecimento do
capital —, uma vez mais, o PSD «viu-se às aranhas» no debate orçamental, com o PS a fazer o que o PSD
gostaria de fazer.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Neste debate houve quem dissesse ao que vinha, como a Iniciativa Liberal,…
O Sr. Rui Rocha (IL): — Sempre!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … que, entre reduzir preços dos alimentos e ser cúmplice do aumento dos
lucros da grande distribuição, à custa dos salários e das pensões, confirmou que as dificuldades reais das
pessoas não importam, nos lucros é que não se pode tocar.
O Sr. João Dias (PCP): — Exato!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Por outro lado, há quem defenda os mesmos interesses, mas queira parecer
que não, como o Chega. Caiu-lhes a máscara, quando confrontados com a necessidade de travar o aumento
das rendas.