16 DE DEZEMBRO DE 2023
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A prioridade é resolver o problema de representatividade do interior e dos territórios de baixa densidade ou
é, alternativamente, uma geometria eleitoral que beneficia diretamente o seu apresentante, ou seja, aquele projeto capaz de potenciar a capacidade eleitoral da Iniciativa Liberal — o que é legítimo?
Agora, não engane quem está a ouvi-lo em casa a dizer, «não, não, vamos reforçar a representatividade dos territórios esquecidos», quando este projeto faz precisamente o inverso, isto é, torna mais difícil que estes territórios que eu referi consigam ter representação na Assembleia e, em alguns casos, até diminui o número de Deputados para dois. Ou seja, se hoje temos um círculo eleitoral que apenas tem dois Deputados — que é o de Portalegre —, Bragança, Guarda, Évora, juntar-se-iam a esta lista, aumentando, por essa via também, as dificuldades que esses territórios enfrentam.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vocês não têm noção! O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Não negamos que há problemas no sistema eleitoral. Não negamos,
até, que eles podiam ser resolvidos de forma menos radical do que esta, com outros paliativos. Vozes da IL: — Radical?! O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sim, radical. Radical no sentido em que altera, transforma brutalmente
a forma como a representação dos portugueses opera e, já agora, de uma forma diferente daquilo que acontece na Região Autónoma dos Açores, que referiu na sua intervenção inicial.
Nos Açores existe, efetivamente, um círculo de compensação que elege cinco Deputados no quadro de uma Assembleia Legislativa da Região Autónoma que tem 57 Deputados.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Acrescenta um. O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Não chega a 10 % do total do número de Deputados. O que aqui
propõem é um número de 40 Deputados a eleger no círculo de compensação, o que distorce muito mais esse impacto e esse equilíbrio que tinha de existir entre o círculo nacional e os círculos distritais.
O Sr. Rui Rocha (IL): — Mas querem menos? O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Portanto, coloca a eleição de quase 18 % dos Deputados em círculo
nacional de compensação, diminuindo, isso sim, como há bocadinho reiterava, a representatividade dos territórios de baixa densidade.
Protestos da IL. De facto, este é um tema que temos de abordar. Não sei se o caminho de dar representatividade aos
territórios é compatível com a Constituição, porque, apesar de tudo, o critério orientador é o de que o resultado tem de ser proporcional ao número de eleitores.
A Sr.ª Sónia Ramos (PSD): — Por isso é que apresentámos a nossa proposta de revisão constitucional! O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Portanto, temos aí, efetivamente, uma dificuldade. Mas há remédios. Há remédios que passam pela agregação de círculos para efeitos de apuramento, não
para efeitos de candidatura. Há resultados que passam por distribuir o número de Deputados por círculo de forma estritamente proporcional, porque aí não estamos obrigados a recorrer ao método de Hondt. Há várias fórmulas e, se calhar, podíamos ter discutido todas elas esta tarde ou esta manhã, tivesse a Iniciativa Liberal querido, mais do que fazer um momento de anúncios, fazer, de facto, um debate sobre o sistema eleitoral.
Aplausos do PS.