I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Portanto, quem não tem perdão, se quisermos, pela falta de
investimento, de estudo e de dedicação ao tema é o único grupo parlamentar que até nem sequer participou nos
outros debates.
A posição do Bloco e do PCP são conhecidas, são contra, foram a jogo, foram a debate, explicaram porque
é que são contra. Do Chega, ouvimos hoje, pela primeira vez, a partir de um projeto copiou, o que é que acha
sobre este assunto.
Não tentemos inverter o tema, a sua história e não confundamos as coisas. Estamos a falar de uma coisa
muito concreta e muito específica e as perguntas que faz tornam evidente que a matéria devia ter sido
regulamentada. Ou seja, em relação às questões que coloca: porque é que são estas as soluções que estão
aqui? E estão a tentar confundir tudo com um regime com estas características? Não, todas as questões que
apontou estão resolvidas nos diplomas. Estão resolvidas na forma como se processa o registo, na forma como
as entidades que estão vinculadas passam a ser fiscalizadas e na proteção das entidades públicas.
Portanto, não só fizeram o exercício fácil que é o de copiar, como também nem sequer a preparação para o
debate teve em conta os conteúdos.
Sr. Deputado Duarte Alves, acho que é pouco produtivo estar a apontar dedos ou dizer que a culpa é daquele
ou daqueloutro, mas a razão pela qual hoje não temos legislação é porque, num momento determinante, faltou
o voto favorável do Partido Social Democrata.
Em 2019, efetivamente, as primeiras iniciativas eram do PS e do CDS, alguns Srs. Deputados do PSD
apresentaram um projeto e, no fim do dia, o PSD absteve-se na votação final global daquele decreto que foi
para promulgação da Presidência da República. E, curiosamente, a não inclusão dos aspetos que referia, como
a lista dos representantes e a remuneração, foi uma das tentativas que o PS e o CDS colocaram em cima da
mesa para tentar, pelo menos, conseguir a abstenção do PSD.
Na sequência do veto do Presidente da República que pedia a sua inclusão, o texto que o PS e o CDS
apresentaram tinha aquilo que o Presidente da República pediu e aquilo que não tivemos foi o voto do PSD,
porque não só deixou de se abster, como passou a votar contra. E aí, sim, não tivemos possibilidade de aprovar
àquela data a legislação.
Portanto, penso que podemos superar o problema que temos — esperamos! — com o diálogo que queremos
fazer no próximo dia 3 de janeiro. Mas, lá está, não é até 3 de janeiro, porque não partimos do zero. Sabemos,
com anos e anos de debate, com pareceres e com recomendações, como prosseguir esse debate. Se tivermos
a disponibilidade para ouvir, para construir soluções melhores e para melhorar, face ao conhecimento que,
entretanto, adquirimos, penso que conseguiremos lá chegar.
Mais uma vez, digo aquilo que disse várias vezes ao PCP e ao Bloco nos debates anteriores: na Europa e
pelo mundo fora, normalmente, esta é uma causa que a esquerda abraça por ser relevante para a transparência,
porque é aquilo que permite verificar quem é que está a tentar influenciar as decisões. E, obviamente, sabemos
que, quando são as ONG ambientais ou as ligas de proteção dos direitos humanos, efetivamente, elas trazem
uma agenda progressista que é de valorizar, mas também é importante que saibamos que estão a reunir com
elas.
Assim como é relevante saber que outros interesses económicos estão a falar com os decisores públicos
para que os cidadãos depois, no fim do dia, possam perceber que o caminho foi por aqui ou foi por acolá, que
reuniram com estes e com aqueles e qual foi a decisão final a que chegaram. Torna tudo mais transparente,
mais escrutinável e mais responsabilizante.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rodrigo Saraiva, pelo
Grupo Parlamentar da Iniciativa Liberal.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A regulamentação do lóbi é um passo
necessário, importante e que já tarda. Quem defende transparência, regulação e igualdade de oportunidades só
pode ser favorável à regulamentação do lóbi, ou seja, ao reconhecimento da legítima representação de
interesses.