I SÉRIE — NÚMERO 37
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verdadeiramente, uma resposta solidária, por vezes quebrando tabus, fazendo aquilo que se dizia ser impossível, mutualizando dívida, meu Deus, essa coisa de que não se podia falar. Mas aconteceu, está em prática. É isso que permite a execução do PRR que hoje estamos a ver com consequências práticas relevantíssimas no nosso País e por toda a Europa.
Aplausos do PS. Isso mostra bem o que é o projeto europeu, o projeto de solidariedade também para com os Estados-
Membros e para os que ainda não o são, mas que pretendem vir a ser, os países candidatos. Daí a importância que o tema do alargamento tem e crescentemente tem vindo a adquirir nos últimos meses,
muito por força das circunstâncias dramáticas que estão a ser vividas na Ucrânia, como é sabido, mas não só em relação à Ucrânia, também em relação aos outros países candidatos, designadamente em relação aos países dos Balcãs ocidentais, que estão há muito tempo à espera, e é importante dar essa mensagem.
Mas é importante — como referi há pouco e como o Sr. Deputado também sublinhou — prepararmo-nos para esse alargamento. Não basta dizer, de forma politicamente correta, que vamos alargar; é preciso, verdadeiramente, criar condições para podermos receber esses Estados-Membros e podermos funcionar eficientemente e, portanto, é preciso encarar, de forma muito séria, essas reformas, e isso vai ser um tema central durante a presidência belga e durante o próximo mandato europeu.
Também no plano económico temos muito a fazer para reforçar a competitividade da economia europeia. Confio que, de facto, o ex-Primeiro-Ministro italiano e ex-Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, dará bons contributos, bem como o ex-Primeiro-Ministro italiano Enrico Letta, para que possamos ser, verdadeiramente, mais competitivos e colmatar esse intervalo que ainda nos separa de alguns setores mais dinâmicos de outras economias e para que possamos, verdadeiramente, fazê-lo em conjunto em benefício dos europeus.
Há, de facto, muito caminho a fazer na reindustrialização da Europa, nessa política industrial que aposte nos setores de vanguarda, nos setores mais estratégicos, de forma seletiva, e é esse o caminho que temos de trilhar, quer na Europa quer em Portugal.
Tudo isto será objeto desta agenda estratégica que vamos discutir ao longo deste semestre, sob os auspícios da presença belga. Nós daremos os nossos contributos, como temos vindo sempre a dar. Nós temos uma participação ativa e empenhada no projeto europeu e não nos limitamos a acompanhar; nós estamos, verdadeiramente, na linha da frente em muitas discussões, contribuindo com ideias.
Todos os anos temos antecipado o próprio Programa de Trabalho da Comissão, indicando as prioridades nacionais, indicando aquilo que deve ser feito a nível europeu, temo-nos batido por medidas importantes, como a criação de um mecanismo permanente de combate a crises, que evite que, cada vez que surge uma nova crise, tenhamos de estar a encontrar respostas ad hoc e possamos ter no arsenal europeu instrumentos que sejam ativados instantaneamente para superar essas crises.
Temos dado também contributos no que diz respeito à reforma da União Europeia para preparar o alargamento. Somos um Estado-Membro muitíssimo empenhado e tentamos ter uma posição pró-ativa na construção deste projeto europeu.
Fazemo-lo também, Sr.ª Deputada Cristina Mendes da Silva, no plano social. Aliás, o grande tema da nossa presidência, em 2021, foi o do pilar social, o da agenda social, e, por isso, para manter esse tema bem forte na agenda, passados dois anos, voltámos a realizar na cidade do Porto, em maio do ano passado, 2023, o Fórum Social do Porto, convidando todos os parceiros sociais europeus, todas as instituições europeias, todos os Estados-Membros e também os países candidatos, para aí discutirmos a execução do plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e manter este tema bem forte na agenda.
Felizmente, a presidência belga partilha também desta prioridade e organizará um importante evento, a Cimeira de Val Duchesse, com os parceiros sociais durante a sua presidência. Esse será um momento também, antevendo já o que será o próximo mandato, os progressos e as conquistas adicionais que queremos fazer em matéria social durante o próximo mandato, para lançar pistas para o fortalecimento e o desenvolvimento do modelo social europeu durante os próximos cinco anos.
Depois, a presidência belga também está a colocar um foco muito concreto na área da saúde, o que é muito curioso, porque é uma área em que os tratados não conferem especiais competências à União Europeia. Mas,