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12 DE JANEIRO DE 2024

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O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Muito bem! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Não é que a lei — em concreto, o Regime Jurídico do Setor Público

Empresarial — não preveja já a transparência e a prestação de informação; é que o Estado ignora e trata as participações como suas, ignorando que tem um dever de responsabilidade para com as pessoas, porque — uma vez mais! — o dinheiro não é do Estado, é das pessoas.

O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Muito bem! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Terceiro, este é o Estado que temos quando olhamos para as

empresas intervencionadas: empresas em que o Estado entra com a intenção, ténue e às vezes sem prazo, de vir a sair mais tarde; as mais conhecidas são, atualmente, a TAP (Transportes Aéreos Portugueses) e a Efacec (Empresa Fabril de Máquinas Elétricas S.A.R.L.).

A TAP, já sobejamente debatida, foi onde foram enterrados 3200 milhões de euros, dinheiro dos portugueses, sem qualquer expectativa concreta de retorno: inicialmente, em 2020, com base em três folhinhas de um plano de tesouraria; depois, com base em argumentos de importância estratégica e económica que não passariam num teste de um primeiro ano de qualquer curso de Economia, argumentos esses — tem de ser dito! —esgrimidos pelo atual Secretário-Geral do Partido Socialista, o que é um péssimo cartão de visita das suas supostas aptidões de gestão e de fazedor, que ele tanto gosta de apregoar.

A Sr.ª Patrícia Gilvaz (IL): — Muito bem! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — A Efacec, por seu turno, representa um investimento, entre capital,

suprimentos e garantias, de quase 400 milhões de euros — dinheiro que não é do Estado, é das pessoas. O Ministro da Economia, Costa Silva, bem tenta explicar aquela operação, mas é ele o próprio a dizer — há

cerca de um ano disse-o — que, em primeiro lugar, o Estado não tem vocação para gerir empresas. Assino por baixo! O Estado não tem vocação para gerir empresas nem jeito para as fiscalizar ou supervisionar, quer se trate de empresas públicas, intervencionadas ou participadas.

Quem é que manda, quem é que controla? É o ministro da tutela? É o Ministro das Finanças? É a PARPÚBLICA? A DGTF? A Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM)?

E quem fiscaliza quem? O Tribunal de Contas? A IGF (Inspeção-Geral de Finanças)? A ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde)? O Conselho das Finanças Públicas? Ninguém sabe, ninguém se entende. É a maior prova de desrespeito pelo dinheiro das pessoas.

Quarto, este é o Estado que temos quando olhamos para as grandes obras públicas: mesmo que concordemos com a utilidade ou com a necessidade de certas obras públicas, não podemos aceitar que se tomem decisões de milhares de milhões de euros sem uma noção concreta do impacto e do retorno do dinheiro das pessoas.

O aeroporto, por exemplo, é uma evidente necessidade, ninguém discute. Mas, mais uma vez, é um desrespeito pelo dinheiro das pessoas que não se dedique 1 minuto a discutir algo que está no anexo VII da PT5 – Análise Económico-Financeira e Análise Custo-Benefício, do Relatório Preliminar da CTI (Comissão Técnica Independente). Nesse anexo faz-se a análise custo-benefício e há um leque entre 3000 milhões e 11 mil milhões de euros de valor económico atual líquido de qualquer uma das alternativas, mas este valor atual económico é negativo: é de 3000 milhões a 11 mil milhões de euros negativos!

Há limitações na análise e haverá boas razões para fazer o aeroporto, não há é boas razões para não discutir isto.

O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Muito bem! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — O TGV (train à grande vitesse) é outro exemplo. É um projeto de

inegável interesse para o País e tem a nossa posição favorável de princípio, mas os sucessivos aumentos de custo — o mais recente dos quais, neste ano, de 20 %, cerca de 600 milhões de euros, na ligação Porto-Lisboa