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I SÉRIE — NÚMERO 39

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para tornar o menos atrativo possível o País para trabalhadores qualificados e para as empresas. Por isso, o respeito pelo contribuinte é tão importante.

E, aqui, o tratamento é desigual. Vou dar apenas um exemplo, o exemplo da Maria, que é um caso real que me chegou: profissional de saúde aposentada, já nos seus 70 anos, abriu atividade nas finanças pelo portal — porque os serviços estão geralmente encerrados — e cometeu um erro de enquadramento, não emitiu qualquer recibo, não auferiu qualquer rendimento, zero. No entanto, logo as finanças liquidaram oficiosamente IVA (imposto sobre o valor acrescentado) e executaram a pensão.

Depois, temos os contribuintes privilegiados, cuja isenção do imposto é, à cabeça, defendida pelos membros do Governo. Quem é poderoso tem o Governo a defendê-los. É fácil encontrar o exemplo, ainda de hoje, do imposto do selo e do IMT na venda das barragens da EDP (Energias de Portugal).

Igualmente, no acesso à justiça, os poderosos podem recorrer à arbitragem e ver a sua situação resolvida em tempo útil. O comum dos mortais espera décadas por uma decisão.

E o incrível e o espantoso é que os resultados dos casos judiciais são escandalosos. Temos os piores rácios da OCDE em matéria de decisões favoráveis à fazenda pública: 43,6 %, o 42.º lugar, em 46.

Por isso, a questão, mesmo não estando aqui o Sr. Secretário de Estado dos Fundos Fiscais, fica endossada: para quando uma verdadeira justiça tributária, para quando a redução da litigância votável, para quando o respeito pelos contribuintes?

Relativamente também à matéria que tutela, gostaria também de que me explicasse como é que se aumenta a qualidade de vida dos portugueses, quando o Governo, por exemplo, compra ações dos CTT apenas para fazer a vontade ao Grupo Parlamentar do PCP. São aqui questões que gostaria de ver respondidas relativamente a este tema.

Aplausos do PSD. A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder a este conjunto de perguntas, tem a palavra o

Sr. Secretário de Estado do Tesouro, Pedro Rodrigues. O Sr. Secretário de Estado do Tesouro: — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, queria naturalmente

agradecer as perguntas de todos e dizer-vos objetivamente que o meu objetivo foi o de trazer aqui dados que revelem o impacto financeiro e o desempenho financeiro das empresas públicas.

Concordarão comigo que tive a preocupação de terminar a minha intervenção dizendo que reconhecemos que há problemas. Portanto, reconhecendo isso, não posso, contudo, deixar de dizer que este Governo tem procurado melhorar os serviços públicos, investindo — só para vos dar uma ideia, penso que isto é relevante —, por exemplo, nos sistemas de transportes. Desde 2016, este Governo aprovou um investimento de cerca de 5,7 mil milhões de euros em mobilidade urbana, desde linhas novas no metro de Lisboa, linhas novas no metro do Porto, material circulante na CP…

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ainda não veio nem um! O Sr. Secretário de Estado do Tesouro: — … e investimento no metro do Porto. Mas também não deixamos de o fazer sem, de facto, a preocupação das contas certas. E, Sr. Deputado, as

contas certas são importantes para quê? O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não é para quê, é para quem! O Sr. Secretário de Estado do Tesouro: — São importantes para que o Governo possa, para além,

obviamente, de investir na melhoria dos serviços públicos, ter outras medidas que são efetivamente importantes para os portugueses. Desde logo, a questão do IVA Zero, a questão dos passes sociais, a questão do passe ferroviário nacional, a questão do passe sub23. Portanto, pretendemos desenvolver medidas que procurem melhorar o desempenho destas empresas, investindo e potenciando aquilo que o PRR também nos permite.

Fazemos isto porque acreditamos que há, de facto, aqui, um papel importante do Estado para garantir o serviço público e, por isso, para nós, há setores em que estas empresas são efetivamente estratégicas. A área