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I SÉRIE — NÚMERO 39

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contribuintes. Era uma empresa que empregava milhares de pessoas, que tinha tecnologia de ponta, que desenvolveu serviços inovadores durante décadas.

A partir do momento em que foi privatizada, tornou-se um joguete absoluto nas mãos dos poderosos, sejam eles Ricardo Salgado ou, depois, os donos internacionais, como a Altice. E as buscas e os processos daí decorrentes, que hoje conhecemos, foram o último episódio, que mostrou a utilização de imóveis da própria PT para negócios imobiliários de enriquecimento pessoal.

E no meio disto, Sr.as e Srs. Deputados, perde o País, é desrespeitado o País, são desrespeitados os contribuintes. Mas é desse desrespeito que a direita e a Iniciativa Liberal, que marcou este debate, não querem falar, porque não querem saber dele.

Nós já percebemos que as histórias são todas muito semelhantes: ANA, PT, CTT, Galp, REN, muitos outros setores estratégicos, que davam lucro, foram privatizados com prejuízo para todo o País.

E da IL não esperávamos ouvir coisas diferentes, porque não querem saber do País, não querem saber da economia; querem saber desta retórica da liberdade de mercado, que apenas engana o País num projeto que nos vai tornando mais pobres.

O Bloco de Esquerda, de certeza, não está desse lado da visão. Nós combatemos esta mesma visão, porque ela desrespeita os contribuintes e o País.

Aplausos do BE. O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Vocês é que estiveram a apoiar o Governo! A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Carvalho,

do Grupo Parlamentar do PS. O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Falemos

sem preconceito sobre o Estado, as empresas e o respeito pelos contribuintes. O Estado não é uma coisa abstrata e as empresas públicas não são uma construção abstrata, e a sua função

também não é meramente financeira. São os radicalismos de quem pensa que uma minoria de privilegiados representa o povo português, no seu

conjunto, que fazem com que o discurso fácil do ataque ao Estado valha para sempre, dos radicais que acham que um setor de atividade, mesmo que lucrativo, deve ser dado — reforço, deve ser dado — à carteira de alguns, ao invés de ser canalizado para um progresso coletivo de todos.

Um bom exemplo disso mesmo é a ANA – Aeroportos de Portugal. A auditoria já aqui referida concluiu que a privatização da ANA, em 2012, foi um negócio desastroso para o Estado português: não foi maximizado o lucro, o encaixe financeiro, nem foi salvaguardado o interesse nacional.

Vozes do PS: — Muito bem! O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Quão diferente seria se pudéssemos investir coletivamente, enquanto Estado,

os avultados resultados líquidos que uma gestão pública também teria com esta empresa, para satisfazer as necessidades do povo português?

Mas há aqui, neste Plenário, nas bancadas à direita, os que preferem que esses resultados sejam rendas a uma multinacional qualquer. Foi assim na ANA, foi assim nos CTT, foi assim na Groundforce, e queriam que tivesse sido assim na CP e na Caixa Geral de Depósitos.

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Muito bem! O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Caras e caros Deputados, as empresas públicas, como disse, não são uma

construção abstrata. Quando a IP (Infraestruturas de Portugal) concretiza, em nome do Estado português, um investimento no nosso território, não está apenas a erguer infraestruturas, está também a construir oportunidades, a criar justiça, a respeitar as ambições das populações e a abrir portas para um futuro melhor.