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ii série — número 72

que, durante todo o período em que tem estado em foco, não teve a registar, felizmente, qualquer acidente que pudesse, ele, alimentar as suspeições públicas...).

3 — Deve começar por apontar-se que o gás de cidade —ao contrário do que sucede com os gases butano e propano, designadamente— é um gás bastante mais leve do que o ar, razão que faz com que o gás proveniente de qualquer fuga tenda a subir na atmosfera, rapidamente se diluindo nela. Por outro lado, a mistura gás de cidade/ar só é explosiva para concentrações relativamente elevadas, de tudo resultando a explicação por que é tão baixo o risco de acidentes graves em redes de distribuição deste tipo de gás.

Deve, também, ter-se presente à partida que todas as redes de gás, em toda a parte, têm perdas e (ao contrário do que sucede nas redes eléctricas, em que as perdas são de energia ao longo das redes e não, significativamente, devidas a fugas) essas perdas resultam de fugas, isto é, de perdas volumétricas.

4 — Em maior ou menor grau, todas as redes de distribuição de gás apresentam, pois, fugas: fugas nas instalações de armazenagem e compressão, nas canalizações de média pressão, nos postos depressores, nas redes de baixa pressão, nos ramais (ligações), no que respeita às redes propriamente ditas; mas também fugas nas colunas montantes, nas derivações, nas caixas dos contadores e nas instalações interiores de utilização (estas últimas, por situadas a jusante da contagem, já não estatisticamente detectáveis). E isso resultante, obviamente, e em primeiro lugar, do facto de existirem, nas redes, válvulas e outros elementos móveis — cuja estanquidade total não é possível garantir em permanência—, bem como ligações entre canalizações asseguradas por aperto (basta pensarmos nas ligações de aparelhos em nossas casas).

Há também, obviamente, outras razões e que são as fugas derivadas de roturas nas canizações, provocadas por quebra, por deterioração, por cedência de uniões, etc.

5 — Julga-se que a questão que neste momento se põe, perante o conhecimento da existência de um número elevado de pedidos de intervenção por fugas de gás, é a de saber qual a sua origem e, a partir desse conhecimento, proceder a um diagnóstico da situação da rede. O pressuposto (presume-se) é o de que essa situação é má e que as condições de segurança geral são, por isso, deficientes.

6 — Antes de prosseguir, e retomando aspectos já referidos, deve esclarecer-se que a rede de distribuição da EDP comporta, essencialmente, as instalações de recepção e armazenagem, de compressão, as redes de MP, os postos depressores e as redes de BP, incluindo as ligações até às válvulas de segurança (situadas na via pública, junto aos prédios ou instalações de utilização).

A partir daí, as instalações são do foro do(s) uten-te(s), com a excepção, obviamente, do contador e respectivas torneiras e ligações.

É, assim, frequente que os utilizadores solicitem a nossa intervenção porque «cheira a gás», e da nossa visita resulta a conclusão de que há, de facto, fugas ou razões de insegurança nas instalações (ou na aparelhagem de utilização) de sua responsabilidade. Em tais casos, a nossa actuação tem de limitar-se à orientação do consumidor quanto às acções a tomar e, sem-

pre que as condições não ofereçam grau de segurança suficiente, a fechar o gás na válvula de ligação à rede (no exterior).

A título de exemplo, foi isso que se passou, recentemente — e com larga repercussão na imprensa —, com a alimentação do Instituto Superior de Agronomia e da cantina que serve a correspondente população escolar: as péssimas condições da canalização (instalação particular) que o servem levaram à criação de uma situação de insegurança que nos levou a cortar o fornecimento, cabendo ao Instituto (por si ou por outra entidade) a reparação indispensável, aliás já prevista há meses —já houvera reunião com nossos técnicos para o efeito. Acabámos —embora não sendo do nosso foro — por colaborar activamente na implementação de uma solução transitória para o problema. De tudo — embora correctamente relatado nos meios de comunicação social — não terá deixado de ficar, mais uma vez, a sensação de que o caso algo teria a ver com a rede da EDP, o que, obviamente, não é o caso.

7 — Ainda, e antes de passar à apresentação dos elementos essenciais, valerá a pena referir um último aspecto:

Tirando as detecções que as nossas equipas de conservação fazem com meios técnicos apropriados, as indicações de fugas que nos são comunicadas provêm, praticamente, dos utentes, e têm sempre origem no facto de que «cheira a gás».

O gás de cidade deveria, em princípio, ser-nos fornecido quase inodoro: temos, por isso, na Matinha, uma instalação de odorização, visando, precisamente, dotar o gás do cheiro característico com intensidade adequada a permitir a detecção, por essa via, das fugas.

Vem sucedendo desde há tempos que, por razões próprias do ciclo de fabricação, o gás nos tem sido, frequentemente (e, praticamente, sempre, desde fins de Dezembro) entregue com odorização já de si excessiva, daí resultando, por força da nossa própria odorização adicional, um grau de odorização muito superior ao normal.

8 — Essa é uma explicação plausível — sobreposta ao clima psicológico criado— para a subida espectacular do número de pedidos de intervenção em pretensas fugas no interior das habitações/instalações registado nos últimos tempos e que, obviamente, não pode encontrar qualquer justificação em súbita degradação dessas instalações.

Os elementos estatísticos quanto à matéria podem resurair-se no quadro seguinte, onde se comparam as chamadas registadas em Novembro de 1984 (mês normal) e Janeiro de 1985 (anormal número de pedidos de intervenção), com indicação da localização da fuga (independentemente da sua real importância):

Chamadas por fugas em instalações interiores

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