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27 DE MARÇO DE 1985

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Como pode verificar-se, sem qualquer razão aparente (trata-se de instalações interiores), o número de chamadas duplicou de um mês para o outro.

Serve —julgamos— para confirmar a hipótese de que na origem do alarme estarão principalmente razões ligadas à sobreodorização (causas a montante da nossa intervenção) e, também, e naturalmente, predisposição psicológica das pessoas.

9 — Abordemos, finalmente, a questão da rede de distribuição propriamente dita. Também aqui o número de fugas referenciadas em Janeiro ascende a valores acentuadamente superiores às médias usuais, como se reportará adiante.

Tratando-se de uma rede subterrânea, a detecção (para além da feita pelos nossos serviços, mediante picagem do solo sobre os traçados) é, frequentemente, feita também na sequência do cheiro a gás introduzido em casas de habitação ou outros locais através de outras canalizações subterrâneas (designadamente, esgotos e telefones).

10 — As estatísticas mostram que, em média, se encontram e corrigem cerca de 31 fugas, na rede, por semana.

No mês de Janeiro, e na parte já decorrida de Fevereiro, houve um sensível aumento do número de fugas detectadas / reparadas:

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Podem verificar-se dois efeitos: por um lado, o grande aumento do número de casos (média da ordem dos 101 casos/semana, isto é, cerca do triplo do normal); por outro, o da acumulação de pedidos de atendimento, a partir de fins de Janeiro, com consequente demora na resposta (presença dos nossos piquetes), causa adicional de algum mal-estar por parte de quem julga o seu caso mais importante do que todos os outros e não é imediatamente atendido.

11 — Deste total, verifica-se que:

66 % correspondem a fugas nas bocas (perda ou redução de vedação nas ligações);

14 % correspondem a fugas nos ramais (em regra, canos de chumbo nas ligações a prédios, correndo nos passeios);

17 % correspondem a canalizações partidas;

5 % correspondem a avarias provocadas por terceiros (reconhecidas).

12 — Deve notar-se que a quebra de canalizações se verifica, quase exclusivamente, na parte (ainda substancial: — 45 % do total) da rede constituída por tubos de ferro fundido — material que já não utilizamos, mas foi largamente usado nas redes de gás, em Lisboa, como por todo o mundo, há décadas atrás. Trata-se, pela sua própria natureza, de material muito resistente à erosão, mas frágil, razão por que, com relativa frequência, se encontra «quebrado», em consequência de cedências do solo por cargas exercidas ou na sequência de movimentações de terceiros.

Este tipo de quebras, tal como a perda de vedação nas bocas, agrava-se ciclicamente nos períodos de frio (tracção sobre as bocas) e de chuva (cedências de terrenos) . Essa será a razão principal — agravada pela sobreodorização, que torna qualquer pequena fuga mais sensível — da grande elevação (concentração) de fugas no mês de Janeiro, a qual, embora anormal (pelo cúmulo das circunstâncias), não tem revelado (as pró-

prias reparações no-lo mostram) sintomas de degradação (entendida em termos de corrosão) das nossas redes.

Deve, de resto, assinalar-se que tubo «partido» não significa, salvo casos de excepção, fuga franca de gás: em regra, embora partida, uma canalização mantém-se «em posição» e operacional, ainda que dando, pela fissura, uma pequena passagem de gás (a que vem a permitir a detecção).

13 — Como elemento muito importante para diagnóstico da situação aponta-se ainda que as perdas nas nossas redes vêm mantendo-se em valores perfeitamente estáveis e normais, em termos internacionais.

14 — Em síntese:

O facto de se tratar de uma ponta súbita (por isso, anormal), coincidindo com um período meteorológicamente muito desfavorável (frio e chuva) —que a experiência da exploração revela ser sempre ocasião de sensível agravamento dé avarias— e justapondo-se a uma também anormal subida de número de chamadas por fugas em instalações interiores (demonstrativas da existência de factores psicológicos e de efeitos decorrentes da sobreodorização do gás) leva-nos a não atribuir à circunstância qualquer significado especial.

Sem preocupações, portanto, continuar-se-á, no entanto, em atenta observação do fenómeno, que já vem, aliás, dando sintomas de sensível abrandamento.

SECRETARIA DE ESTADO DA ENERGIA

GABINETE DO SECRETARIO DE ESTADO

Ex.mo Sr. Chefe do Gabinete do Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares:

Assunto: Resposta ao requerimento n.° 921/III (2.a), do deputado Magalhães Mota (ASDI), acerca da