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II SÉRIE — NÚMERO 92

durante este fim-de-semana pontos de convergência excessivamente fáceis — lenhamos cuidado porque nem sempre é isso que mais interessa— sejamos capazes aqui de reconhecer que temos muitos objectivos comuns, mas que somos diferentes e que somos capazes de, com a nossa diferença, construir o Portugal de amanhã.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado António Lacerda.

O Sr. António Lacerda (PSD): — Sr. Presidente em exercício na Assembleia da República, Sr. Presidente da Comissão de Juventude da Assembleia da República, Caros Colegas da Comissão de Juventude, Amigos Participantes: ê para mim uma honra ter hoje a possibilidade de dirigir algumas palavras a uma assembleia tão distinta. E digo tão distinta porque é a primeira vez, tanto quanto sei, que é possível no nosso país reunir organizações políticas e não políticas num mesmo local para discutir problemas especificamente ligados à juventude, não apenas tendo presentes as organizações políticas de juventude, mas também os responsáveis pela formulação da legislação que a todos nos rege. Assim sendo, que com o contributo que cada organização política e não política tenha possibilidade de dar perante os eleitos do povo, essas pretensões, esses anseios c críticas possam ser feitos e possam resultar em algo de positivo no seguimento desta realização.

Sr. Presidente, tomei a palavra para dizer que, para além de ser deputado desta Casa e membro da Subcomissão de Juventude e Desportos, tenho a honra de representar a Assembleia da República Portuguesa junto do Conselho da Europa e que nesse Conselho me cabe o privilégio de presidir à Subcomissão de luventude e Desportos. Essa Comissão organizará de l a 6 de Julho a Semana Europeia de Juventude, naturalmente integrada no Ano Internacional da Juventude patrocinado pelas Nações Unidas.

Daí que esta minha presença aqui, hoje, numa dupSa qualidade, seja para mim extremamente importante, porquanto me permitirá ouvir aqui, em primeira mão, as sugestões e os anseios da juventude portuguesa no seu conjunto, anseios e contribuições essas que muito provavelmente estarão subjacentes às intervenções que a representação portuguesa, nessa grande festa europeia de juventude, irá fazer em nome de Portugal.

Ê seguramente do conhecimento da maioria dos participantes nesta Conferência que essa Semana Europeia de Juventude reunirá em Estrasburgo mais de 500 participantes juvenis de 21 países membros do Conselho da Europa e também os representantes da Finlândia e da Santa Sé, o que alargará para 23 o número de países representados.

Sr. Presidente, permito-me frisar este número de países, nomeadamente os 21 países do Conselho da Europa, porque esse fórum internacional é o depositário de mais de metade das democracias do mundo. É, portanto, um local onde se reunirão mais de metade dos países democráticos do mundo onde os direitos do homem, a liberdade de expressão, a liberdade de associação e a democracia são uma realidade.

Daí que assuma foros de grande importância a possibilidade de todos nós europeus —e neste casai nós portugueses— podermos ter uma palavra a dizer

sobre esta matéria, porquanto é dever de todos os democratas não apenas estabelecer-se como exemplo, mas definir as linhas de acção para o desenvolvimento de uma sociedade que se quer mais próspera e mais humana.

Os temas que estão em discussão são particularmente felizes, porquanto tocam assuntos que sensibilizam de forma diversificada os vários participantes e, presumo, todos eles encontrarão nos vários temas cm discussão algo que lhes diz particularmente respeito.

Portugal é um país pequeno — foi aqui dito pelo orador que me antecedeu —, simplesmente a nossa experiência histórica e cultural e o nosso espaço geográfico são extremamente importantes. Esse espaço geográfico e geo-político assume uma importância tanto maior quanto estamos em vias de adesão à CEE.

Daí que o nosso espaço vital se prolongue para além dos 90 000 km e que temos para uma região geográfica cultural muito mais vasta onde a nossa voz assumirá, seguramente, uma ressonância muito maior.

Dirão, certamente, que o mundo não é só a Europa, que a juventude não é só europeia. Estou de acordo! E exactamente isso!

Só que nós, europeus, temos o privilégio de viver numa das zonas geográficas mais desenvolvidas do mundo e, portanto, temos a obrigação de encontrar os caminhos de diálogo e de cooperação com a juventude dos países menos desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.

Será exactamente nesse sentido que aqueles que, hoje aqui presentes, participam amanhã na Conferência de Estrasburgo encontrarão temas tão diversificados como o diálogo Norte-Sul, o diálogo dos jovens da Europa com o resto do mundo, os movimentos migratórios, as comunidades emigrantes no resto do mundo, os movimentos xenofóbicos, racistas que existem nalguns países de acolhimento de emigrantes. Há, portanto, uma imbricação que liga a juventude europeia à juventude mundial.

Sr. Presidente, eu não tinha preparado uma intervenção e apenas queria deixar aqui algumas reflexões.

Como um líder de um partido português dizia há muito pouco tempo —e presumo que todos os que estão aqui presentes compartilham desta ideia—, o nosso presente começa hoje e não o podemos adiar mais. Temos, inclusive, o direito de pedir contas às gerações menos jovens que nos vêm legando o país que temos e que muito amamos e uma sociedade à qual muito estamos ligados. Creio, pois, que estamos todos de acordo em que este não é o país nem a sociedade que pretendíamos.

Contudo, tal não quer dizer que as gerações de hoje sejam potencialmente melhores que aquelas que hoje nos apresentam o legado que temos e que amanhã, colectivamente, nos passarão o testemunho. O que quero dizer é que, felizmente, a maior parte de nós tem tido o privilégio de viver em democracia desde há cerca de 12 anos, privilégio esse que foi negado à maior parte das gerações que nos antecederam.

Sem democracia não é possível a livre discussão e o confronto de ideias e de projectos num âmbito de respeito são uns pelos outros, não é possível obter consensos e, à falta de consenso, nem sequer é possível obter a determinação da vontade da maioria.

Felizmente que hoje temos uma democracia plena, imperfeita, é certo, mas bem melhor do que qualquer