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25 DE MAIO DE 1985

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nacionais gerais. £ isto por duas razões: a primeira delas consiste na intimidade dos problemas dos jovens com os problemas do País. A crise geral implica e agrava, em iodos as suas manifestações, a crise juvenil. A situação económica tem repercussões no nível de vide dos jovens. As políticas, ou melhor, as faltas de políticas sectoriais na habitação, no emprego, na educação, na família, etc, diluem especificidades etárias nos seus efeitos. A própria ausência de uma estratégia de desenvolvimento determina büoqueios que se têm revelado insuperáveis para a realização e plena participação dos jovens na sociedade portuguesa. São, pois, todas as crises em que vivemos que vêm, ao fim e ao cabo, a determinar cue a juventude viva cada vez pior, seja qual for a perspectiva dos seus interesses que consideremos.

Os jovens são cada vez mais marginais do sistema político, económico e social instalado. Todos os indicadores estatísticos disponíveis e as sondagens que vão sendo feitas o demonstram cabalmente.

O ensino está cada vez mais degradado e a escola é cada vez menos resposta, tendo abdicado, deliberadamente ou não, de funções sociais e pedagógicas imprescindíveis. O mercado de trabalho fecha as portas aos jovens. As várias modalidades de delinquência, alienação e fuga atraem crescentemente as energias e as ambições sufocadas. O status económico escorraça a iniciativa e a criatividade. A crise da habitação, já de si grave, afecta sobretudo os jovens, desmotivando a constituição de família. Tudo isto são áreas não exaustivamente enumeradas, em que os jovens são permanentemente projectados contra os bloqueios instalados pelo socialismo situacionista e a falta de horizontes que provocam.

A segunda razão pela qual não é mais legítimo limitar a intervenção política dos jovens às questões que mais directamente lhes dizem respeito é, muito simplesmente, a de que a juventude portuguesa vê, neste momento, o seu futuro empenhado na dívida. A sua herança vai ser —e é-o já hoje— a de um país arruinado em nome do socialismo. Quando somos nós quem terá o encargo de gerir a decadência, quando é o nosso futuro que está em causa, tudo nos diz respeito. Não fomes ouvidos sobre os empréstimos; exigimos sê-lo sobre a viabilização

Há í! anos que Portugal vive à custa do futuro. A realidade é que se algumas vezes a política e os políticos chegaram a divertir o País, está a chegar o momento em que já só conseguem enjoá-lo. A política que se vem fazendo tem mesmo contribuído decisivamente para desmotivar os Portugueses em geral e os jovens em especial, o que se mede peio desinteresse crescente com que observam o que se vai passando na nossa vida política. Recente inquérito revelava que apenas 5 % dos jovens se interessam pela política.

O modo como os agentes políticos concebem, se preocupam e tratam o interesse nacional e os interesses dos jovens acarreia, e nosso ver, o perigo de que a juventude portuguesa venha a confundir o regime com o sistema, isto é, a democracia e a liberdade com os desmandos de certas pessoas, com o modo como têm sido interpretadas as instituições democráticas, com o modo como ss faz política; com o sistema, numa palavra.

A nossa obrigação —de todas as organizações de juventude, iparddárias ou não — é testar o impossível

para que essa confusão perniciosa não cresça e n£o venha a pôr em perigo o próprio regime. É por isso que, do nosso ponto de vista, a recuperação e a regeneração nacionais pressupõem três factores essenciais: o primeiro é a aplicação de um projecto político nacional que se proponha reformar o sistema político--eleitoral, económico e social, de sentido autenticamente libertador da sociedade portuguesa.

O segundo é a existência de real vontade e coragem políticas que não empenhem gratuitamente o futuro, que saiba sobrepor o interesse nacional aos interesses de minorias corporativas, que moralize, em siana, a sociedade e o Estado.

O terceiro é a aplicação de uma política global de juventude que considere os jovens na sua integralidade de aspirações, carências e interesses.

Esta tem sido e será a nossa preocupação e o nosso combate. Sabemos que os povos têm memória cúria, mas sabemos também que uma geração traída nãc esquece.

É por isso que para salvar o regime é preciso cada vez mais derrotar o sistema. De contrário, será o sistema a derrotar-nos e ao País.

Aplausos.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Conferencista António Eloy, dos Amigos da Terra.

O Sr. António Eloy (Amigos da Terra — Associação Portuguesa de Ecologistas): —Enquanto estamos aqui sentados —e o facto de estarmos aqui sentados também pode ser entendido como um acto político contra a violência, que é sempre um determinado poder—, lá fora a Primavera passa, a erva cresce e o sol sorri à vida.

De facto, parece que — no meu entender, lamentavelmente— esta Conferência entrou com o pé esquerdo— e que isto não seja entendido como tende entrado para uma determinada área, que poderia se? entendida como determinante política.

Entrou com o pé esquerdo porque, no meu entendimento, qualquer das intervenções aqui feitas, «aa pé, pode, lamentavelmente, ser Úda e ouvida em diferentes órgãos de imprensa, seja no Jovem Reformista, seja no Avante. E não sei se outros grupos têm o seu órgão de informação, onde possamos recolher os seus constrangimentos, as suas queixas em relação ao regime político, em relação à não resolução dos problemas e ao modo como, no entendimento das organizações maiores —e das suas, obviamente,, menores, mais pequenas e mais jovens—, o sistema político nos está a defraudar, esta crise em que vivemos contínua a actuar, o cansaço que vamos tendo vai aumentando e nunca mais encontramos a esperança, pois os túneis por onde nos vamos metendo parecem nunca mais ter fim.

De facto, o que ouvimos aqui foram quskas. Algumas podem, inclusivamente, na parte da tarde da Conferência e nos dias posteriores, vir a se? desenvolvidas. E quando discutimos questões concretas, quando discutimos fora dos enquadramentos legislativos que são ou não ultrapassados, quando, concrstameaíe, discutimos factos e perspectivas de solução para esses factos, pode ser que esta Conferência ganhe slgums animação e que, inclusivamente, as crganizaçcss £s