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25 DE MAIO DE 1985

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decisões deste país seriam irremediavelmente diferentes e talvez o futuro fosse melhor.

Para terminar, queria dizer ao meu amigo António Lacerda, a quem ouvi dizer de manhã que o futuro começa hoje, que — se me permite— ele já começou.

Não nos atrasemos a construí-lo porque somos capazes de o fazer.

Mesmo que nos digam que é tarde, deveremos responder que nunca é tarde para recomeçar.

Àqueles que nos dizem que é cedo lerei de responder, e vocês também, com a imagem de um general francês que caminhava pelo deserto e a certa altura chamou um dos soldados que o acompanhavam e disse-lhe: «Vai buscar uma planta e um balde de água.»

Ele foi. O general disse-lhe: «Planta-a aqui no deserto.»

O soldado, estupefacto, disse: «Meu general, já pensou quanto tempo vai levar essa planta a nascer?», ao que o general respondeu: «ê por levar muito tempo que eu quero que se plante hoje.»

Aplausos.

O Sr. Presidente: — Vou de seguida dar a palavra ao Sr. António Rodrigues, da Juventude Social-Demo-crata.

Antes, porém, quero fazer um pequeno aviso. Só agora o faço porque no início desta segunda parte, após o intervalo do almoço, esqueci-me de comunicar à Assembleia uma nova regra de jogo com que temos de contar. £ que, dada a limitação de tempo, o limite para as intervenções desta segunda fase passou de 15 minutos, como tinha sido durante a manhã, para, necessariamente, 6 minutos, dado não haver mais tempo e para que isso não se repercuta num grande atraso dos trabalhos. Peço, pois, a atenção dos próximos oradores para este novo dado.

Tem a palavra o Sr. António Rodrigues, da Juventude Social-Democrata.

O Sr. António Rodrigues (Juventude Social-Democrata):— Sr. Presidente da Comisão Parlamentar de Juventude, Srs. Membros da Comissão Parlamentar de Juventude, Srs. Deputados, Srs. Participantes: Caso estranho pareça, a minha primeira palavra vai para os observadores, porque é neles que estão representantes de associações de estudantes e membros interessados na problemática da juventude. Daí também o meu primeiro lamento: que estas galerias não estejam rodeadas de juventude, de modo que a mensagem que aqui queremos deixar expressa possa sair destas paredes, chegar lá fora, ter efectivamente algum impacte na opinião pública e fazer-se ouvir sobre os problemas da juventude, que são graves.

Feliz andou a Assembleia da República ao decidir fazer uma conferência sobre o Ano Internacional da Juventude e dedicada à juventude, tal como feliz andou a Assembleia Geral das Nações Unidas ao dedicar este ano à juventude através de um ano internacional.

Porém, daqui nasce a primeira precaução: o Ano internacional da Juventude não pode ser entendido como um ano de festividades, efemérides e comemorações. Penso que também não pode ser um ano em que venhamos discutir questões partidárias ou polí-

ticas, como já aqui foi referido hoje de manhã numa intervenção nesse sentido, à qual me associo. Ê mais importante fazer uma reflexão profunda sobre o que os jovens querem e sobre quais são os problemas e as pistas para «e poder desenvolver uma verdadeira política global e integrada de juventude do que, ao invés, estarmos aqui a fazer análises, muitas vezes parcelares e desarredadas de tudo o que é, em geral, a sociedade portuguesa na sua globalidade.

Até agora o que temos visto são números, percentagens, estatísticas, que não resolvem os problemas dos jovens. O que resolve os problemas dos jovens é que se criem espaços para a sua própria intervenção. Neste país nenhum jovem se sentirá realizado se nã© for ele próprio a construir o seu espaço, a desenvolver a sua própria personalidade e a desenvolver algo em favor de si mesmo. Não é com políticas de partidos que isso se realiza.

Aliás, os jovens estão fartos de partidos: se na rua perguntarem a algum jovem o que é que ele pensa acerca dos partidos políticos, ele é capaz de os repudiar e de os encarar com repulsa. Isto é grave, se vivemos em democracia, mas mais grave é se dentro do nosso sistema não soubermos criar as condições para que os jovens acreditem na democracia e nos partidos políticos e para que estes saibam olhar para a juventude e abrir os espaços para ela intervir.

Daí que seja importante que um dos temas do Ano Internacional da Juventude seja a participação. Não é por acaso que ele surge. E é neste momento e aqui que devemos desenvolver esse tema e fazer chegar lá fora a nossa mensagem nesse sentido, ou seja a de que — tal como foi aqui recordado — os jovens precisam de estruturas onde eles possam fazer sentir a sua vontade, o seu querer e a sua forma de resolver os problemas. Vamos avançar e fazer chegar lá fora a mensagem de que é necessário criar esse espaço em termos de estruturas e de organismos.

Daí a importância de que o Conselho Nacional da Juventude seja uma realidade, porque não são só as juventudes partidárias ou organizadas que interessam. Mais importante, muitas vezes, do que o associativismo juvenil formal é o associativismo juvenil informal, ê essa a ideia que pretendemos deixar aqui: que os jovens possam, eles próprios, fora dos quadros que lhes são impostos, exercer o seu modo de estar ma vida e o seu próprio querer.

As preocupações que cada uma das organizações que aqui estão representadas fazem chegar aos ouvidos da opinião pública fazem-se sentir no domínio do era-prego, da educação, da habitação, da delinquência, do serviço militar e do que queiramos. A própria organização que represento também apresentou um plano nesse sentido.

Mas não é isso que hoje interessa divulgar. De facto,, o que interessa é que as reflexões que aqui temos produzido, que têm sido importantes nalguns casos, possam chegar lá fora, que as pessoas possam saber o que aqui foi discutido, que os jovens tenham conhecimento de que há alguém que se preocupa com eles e que eles se preocupem consigo próprios, sob pena de cairmos dentro de um amorfismo e de um comodismo, no fundo, de jovens instalados na vida, sem querer, sem vontade e sem futuro.

É por isso que devemos pugnar e que faço um apeio a todos os membros aqui presentes no sentido de fazerem chegar a todos os lados esta mensagen de forçE,