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II SÉRIE — NÚMERO 92

de esperança, de acreditar que ainda é possível mudar e fazer alguma coisa. Que a Assembleia da República tenha em consideração não só realizar este festival — digamos assim—, em que cada um vem dizer aquilo que lhe ocorre no momento, mas também que possa fazer chegar lá fora a todos aqueles que são jovens a mensagem de que querem transformar, colaborar e contribuir para a sociedade, da qual eles também fazem parte, e que querem modificar para construir hoje aquilo que amanhã os espera na vida, que é a inserção na vida activa.

Aplausos.

Q Sr. Presidente:—Tem a palavra o Sr. José Rocha, representante do Departamento de Juventude da

UGT.

O Sr. José Rocha (Departamento de Juventude da UGT): — Prescindo da palavra, Sr. Presidente.

Q Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Jorge Ferreira, da Juventude Centrista.

O Sr. Jorge Ferreira (Juventude Centrista): — Prescindo da palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr." Deputada Margarida Marques, do PS.

A Sr." Margarida Marques (PS): — Prescindo da paiavra,' Sr. Presidente.

C Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Passos Coelho, da Juventude Social-Democrata.

O Sr. Passos Coelho (Juventude Social-Democrata): — Não abdiquei da palavra, porque vou tomar pouco tempo.

Não farei uma exposição tão esperançosa e tão poética quanto a do António José Seguro, mas as minhas primeiras palavras talvez possam servir para desmembrar um pouco a ideia que aqui se construiu sobre aquilo que se poderia fazer nesta conferência.

A primeira coisa que gostaria de dizer é que, que eu saiba, as conferências não foram feitas para se apontarem soluções. Acho que esta acção é muito louvável, por alguma razão que vou adiantar a seguir, mas não propriamente para se apontarem soluções. As conferências servem para ouvirmos as análises que as pessoas têm a fazer e o pensamento de cada uma das organizações aqui expresso pelos seus representantes e não propriamente para o apontar de soluções.

Todavia, esta Conferência pode ter uma importância fundamental à volta do diálogo que se deve estabelecer entre todas as organizações da juventude, que é o mesmo que dizer entre todas as juventudes do País.

Julgo que alguns actos valem mais pela sua simbologia do que propriamente pelo seu sentido mais imediato. Não devemos procurar nesta Conferência um sentido mais prático e, talvez, mais ambicioso, mas mais um sentido simbólico, que é o facto de conseguirmos reunir aqui diversas organizações, de as por-nncs a dialogar e de, inclusivamente, permitirmos este intercâmbio de visões, maneiras de ver os problemas que às vezes são diferentes.

A meu ver, isso é um mérito muito grande para esta realização. Quando quisermos discutir soluções, vamos trabalhar e não falar tanto. Trabalha-se a falar, mas sobretudo pode-se falar a trabalhar. Julgo que se pode falar a trabalhar noutros fóruns mais importantes. Já aqui foi lembrado o Conselho Nacional da Juventude, onde talvez possamos trabalhar um pouco mais e falar um pouco menos e chegar às soluções e conclusões mais práticas de forma mais eficaz do que aqui. Como já disse há pouco, isto não quer dizer que esta Conferência não tenha qualquer sentido, porque tem e muito. Tem um sentido simbólico que podemos levar a outros fóruns e, inclusivamente, à juventude. Tem até este mérito: nós, que durante tanto tempo nos cansámos de ouvir as pessoas falarem da juventude, demo-nos ao menos ao trabalho de sermos nós, jovens, a falar das juventudes.

Julgo que não é preciso a Radiotelevisão aqui estar para que o País, de uma forma geral, saiba deste nosso trabalho. O País só não saberá deste nosso trabalho se nos limitarmos a fazer que trabalhamos aqui. Se trabalharmos em todos os sítios e tivermos a mesma disponibilidade mental e a mesma vontade de servir a juventude que aqui tanto propalamos, com certeza que o País saberá, mais do que pelos jornais, apreciar no dia-a-dia qual é o trabalho que aqui lhe deixamos.

Em todo o caso — e para não me alongar mais —, queria apenas dizer mais duas coisas.

Em primeiro lugar, quero referir que, sobre a juventude ou juventudes, há algumas coisas que são perfeitamente consensuais. Uma é a de que em Portugal se trabalha e estuda muito pouco sobre o que é o fenómeno da juventude. O José António Seguro também apontou alguns trabalhos que são exíguos e muito parciais. Devemos exigir da sociedade e de nós próprios um estudo mais aprofundado, menos circunstancial e menos de improviso acerca dessa condição social que é a juventude, para assim —julgo eu—, a podermos compreender melhor, que é como quem diz para nos podermos compreender melhor a nós próprios.

Porém, se é uma realidade que há falta de estudos e que todos nos devemos empenhar neles, há também duas coisas que são de uma evidência perfeita. A primeira é a de que a juventude, como todo o país em geral, vive uma situação difícil. Isto também não é novo, mas, segundo julgo, nós, na nossa própria juventude, só agora é que acabámos de o descobrir. Não creio que através dos séculos as coisas mudem substancialmente em termos de problemas. Os problemas são mais ou menos os mesmos; as vestes é que, às vezes, são um pouco diferentes. As opções, essas sim, é que podem ser mais ou menos originais.

Tanto aqui como em qualquer outro sítio, tenho a certeza de que podemos estabelecer um diálogo, que certamente se prolongará com esta elite —isto é uma elite — dentro de alguns anos, assente não só no facto de haver grandes dificuldades, mas também no facto de, ao ürr. e ao cabo, todos nós corporizarmos uma nova cultura. ê isso que nos distingue, antes de maisP da classe política, das classes económicas e de outras classes sociais de hoje do País. Antes de mais, todos nós temos um grande denominador comum: uma cultura substancialmente diferente.

Independentemente dos regimes, dos sistemas e de tudo mais, é sempre um pouco injusto estarmos a