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26 DE FEVEREIRO DE 1986

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gos, os amigos que vêm de Peniche?» Afinal, os «Amigos de Peniche» foram os ingleses ...!

São muitas as personalidades ilustres da vida nacional naturais de Peniche e seu concelho, pelo que seria fastidioso enumerá-las a todas, correndo-se o risco até, embora involuntário, de esquecer a citação de alguma. Todavia, pela projecção que granjearam, merecem ser referidas as seguintes:

D. Luís de Ataíde, 3." conde de Atouguia, nascido em 1517, que foi guerreiro nas companhas de África, fez parte da expedição ao mar Roxo comandada por D. Estêvão da Gama, que o armou cavaleiro. Foi nomeado vice-rei da índia por D. Sebastião, tendo chegado a Goa em Setembro de 1568, donde regressou em Janeiro de 1572, sendo recebido solenemente pelo rei, em sinal de apreço pelos relevantes serviços prestados à Nação. Voltou à índia em 1577, assegurando a soberania portuguesa, vindo a falecer em Goa a 10 de Março de 1581;

D. António Ferreira Viçoso, nascido em 1787, tendo sido ordenado presbítero na Congregação dos Padres das Missões de Lisboa, depois de ter passado pelo Seminário de Santarém como aluno brilhante. Por decisão de D. João VI, depois de ter estado a evangelizar nos sertões do Estado de Mato Grosso, foi transferido para Minas Gerais, face às provas dadas da sua capacidade, carácter e inteligência, tendo sido elevado à categoria de superior-geral das Missões do Império, sagrado bispo de Mariana em 1844 e distinguido com o título de conde da Conceição. Faleceu em 7 de Julho de 1875, depois de meio século em terras de Vera Cruz, envolto numa auréola de prestígio e santidade;

Dr. Pedro António Monteiro, nascido em Janeiro de 1843, que foi deputado da Nação, vogal do Conselho Superior de Instrução Pública e presidente da Junta Geral do Distrito de Santarém, professor no Liceu de Santarém e no Liceu Central de Lisboa, cidade onde faleceu em 11 de Abril de 1928;

Jacob Rodrigues Pereira, nascido em Abril de 1715, que foi o inventor do alfabeto para o ensino de surdos-mudos;

António Avelar Pessoa, nascido em Atouguia, cabo da guarnição do Forte de São João Baptista, na Berlenga, que em 1666, com apenas 30 homens, travou heróica mas desigual luta com os castelhanos, a quem impôs cerca de 500 baixas e a perda de 3 naus.

E quantos mais filhos ilustres poderíamos lembrar!

Embora não possuindo monumentos imponentes, são de realçar o Forte no Alto da Vela, os fortins e a cinta de muralhas, bem como o Forte de São João Baptista, considerados como monumentos nacionais, a Fonte do Rosário, construída no século xvi, a Torre do Relógio, que data de 1736, e o Farol do Cabo Carvoeiro, que foi construído em 1779.

Pelo que representam do sentido religioso da sua população, merecem igualmente realce:

Igreja de São Pedro, templo de grande imponência, que data de 1698; Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, com as suas paredes revestidas a azulejo, que data de 1569; Igreja de São Se-

bastião, também com paredes revestidas a azulejo, que data de 1680; Capela da Misericórdia, restaurada em 1793, de grande explendor e magnificência interior, através dos seus magníficos azulejos e pelo seu tecto, que é totalmente decorado com 55 quadros a óleo, em tela, representando os principais acontecimentos evangélicos, alguns deles da autoria de Josefa de Óbidos, e, ainda, o Santuário Mariano de Nossa Senhora dos Remédios, templo que é riquíssimo de beleza e espiritualidade, do século xvii, que os pescadores e seus familiares veneram com uma fé inabalável e comovedora.

Peniche possui no seu litoral a praia do Norte, a do Molho Leste, as do Porto da Areia do Norte e do Sul, a praia do Abalo a dos Charutos e a prainha do Carvão, e nas freguesias rurais as praias de São Bernardino, da Consolação e do Baleai, a que se referiu Raul Brandão, dizendo tratar-se «da mais linda praia da terra portuguesa».

Através dos anos, e cada vez mais, Peniche tem na actividade da pesca a sua principal fonte de riqueza, com cerca de 900 embarcações matriculadas e empregando aproximadamente 4000 pescadores, que se dividem pelas artes de artesanal local e costeira, com rede de cerco, apanha de algas e pesca longínqua, sendo nacional e internacionalmente conhecidas as suas sardinhas, a lagosta e a santola. Esta indústria, por sua vez, arrasta outras, nas áreas dos congelados, filetagem, conservas, conservação e tratamento de marisco, e também reparação das redes e. aparelhos, construção naval, serralharia, fundição e mecânica naval.

Para além das conhecidas, há ainda que contar com a indústria dos plásticos, muitas outras de natureza artesanal, donde se destacam as célebres «rendas de Peniche» feitas com bilros, tendo assegurado à esmagadora maioria da população penichense condições de subsistência e estabilidade.

Dispõe ainda Peniche de um valioso conjunto de equipamento colectivo, do qual, para efeitos do disposto na Lei n.° 11/82, importa salientar:

Hospital Concelhio, com serviço de urgência permanente;

Corporação dos Bombeiros Voluntários, com magnífico quartel, dispondo de salão para actividades sociais e culturais;

Mercado municipal coberto;

3 farmácias;

Cine-teatro com grande capacidade e pequeno cinema moderno; Escola pré-primária;

7 estabelecimentos para o ensino primário com cerca de 40 salas de aula;

Escola preparatória;

Escola secundária até ao 12.° ano;

Escola do ensino especial :— CERCIP;

Creche-infantário Traquinas;

Jardim-Escola da Colónia Infantil de Nossa Senhora dos Remédios;

Creche-infantário pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Peniche;

Instituto de Socorros a Náufragos;

Estação de Rádio Peniche-Pesca;

Estação dos CTT (edifício próprio);