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II SÉRIE - NÚMERO 41

tais resíduos. As obras de ampliação em curso, e a que antes aludi, obrigaram à demolição de tal forno, e está já em vias de conclusão a construção de outro equipamento análogo e julgo que naturalmente mais moderno e eficaz. Neste entrementes tem feito a queima dos resíduos ao ar livre numa propriedade próxima, a mato e pinhal, que é propriedade de sócios gerentes da empresa. Trata-se, portanto, de situação transitória. No entanto, uma vez que o aspecto provocado não era o melhor

— conheço centenas de casos bem piores por muitos lados —, solicitei à empresa que fizesse a exterminação dos resíduos noutro lado e se possível por outro processo, no que logo fui prontamente correspondido;

/) Aliás a questão tem a meu ver o seu quê de psicológico. Com efeito, recentemente, uma pequena empresa tentou instalar-se na área, ocupando um armazém existente e licenciado para retém. A Câmara era alheia a tal instalação, mas foi contactada por alguns moradores que a alertaram para o facto e referiram que no seu entender tal instalação não deveria ser autorizada. Contacto em exposição.

Foi verificada a situação e constatou-se que, de facto, uma firma industrial —FAPE — havia já montado todo o seu equipamento no aludido armazém, o que representava um investimento de várias dezenas de milhares de contos.

Chamei eu próprio o responsável da aludida firma e disse-lhe que a Câmara não aceitaria a sua instalação.

Perante tal facto a firma em causa fez as mais diversas diligências, exerceu as mais variadas pressões. Aduziu os gravíssimos prejuízos que sobre ela recairiam, os quais provavelmente a matariam à nascença. Entretanto, a gerência da firma expôs que nenhuma poluição resultaria da sua laboração, que se limitaria a funcionar das 8 às 19 e que apenas pedia para laborar um ano, tempo que daria para o arranque e a procura de outro local.

Respondi que ía pôr a questão aos moradores. Pedi, assim, ao primeiro subscritor que fizesse o favor de se avistar comigo. Explicitei-lhe então a situação e procurei saber da sua opinião.

Disse-me na circunstância que lhe parecia mal a instalação, mesmo nas condições e com a precariedade referidas. E lembro-me bem que o morador em questão me observou que a área estava a urbanizar-se e que eu próprio havia mais que uma vez dito que o objectivo estratégico do Município era o de fazer da Maia em cada dia «uma terra onde vale a pena viver». E na altura o mesmo morador

— pessoa extremamente correcta— acrescentava que todos sabiam, quando adquiriram ou construíram as suas casas, que ali estava implantada uma empresa industrial, mas que a tal nova unidade lhes desagradava.

Perante os factos, com todas as consequências, a pretensão da nova instalação foi recusada, facto que me trouxe, em entrevista

que concedi aos respectivos interessados, as mais dolorosas reacções.

Dias após os interessados referidos contac-taram-me pedindo o seguinte: haviam recebido diversíssimo equipamento; tal equipamento havia sido instalado por montadores do próprio fornecedor, que era estrangeiro, e pediam que o Município fornecesse energia apenas durante dois dias com vista a experimentar o equipamento em causa e a verificar se o mesmo se encontrava conforme, uma vez que o banco financiador para fazer o seu pagamento lhes exigia isso mesmo.

Entendi como razoável a petição. Porém, previamente a consentir no abastecimento de energia, telefonei ao morador antes referido e transmiti-lhe o que iria suceder e das razões do facto, solicitando-lhe ainda que fizesse o favor de dar aos moradores locais o devido conhecimento para que não houvesse interpretações incorrectas e toda a gente se mantivesse informada. Era a transparência da posição do presidente da Câmara.

Tudo se passou como foi determinado. A empresa laborou dois dias apenas.

Cerca de três semanas depois chegaram a todos os membros da Câmara cartas iguais àquela que foi remetida a S. Ex.° o Ministro da Administração Interna, sempre acompanhadas também da notícia do Jornal de Notícias.

Curiosamente a carta em causa só não foi dirigida ao presidente da Câmara.

O que à partida não é curial e não está de acordo com a transparência posta pelo presidente da Câmara no tratamento com os moradores locais.

Mas o modo como tudo decorreu leva-me a pensar, e por isso aludi ao quê de psicológico da questão, que os moradores iniciaram uma reclamação contra a instalação de uma empresa. O caso foi tratado da maneira que ficou referida. E agora é uma espécie de «vamos à seguinte» noutra espécie de «justa luta». Para talvez a seguir se pensar numa terceira, quarta ou quinta, se calhar para acabar numa outra qualquer nem que seja a uma dezena de quilómetros do local.

E tudo isto sem recordarem que a empresa — propriedade de gente muito séria e cumpridora de todos os pontos de vista, referência que obviamente não implica qualquer juízo de valor sobre os moradores — está em obras, como se aludiu, obras que se completarão, julgo eu, em cerca de dois meses, e situa-se ali há cerca de 30 anos, quando, quiçá, nenhum dos moradores havia sequer sonhado em radicar-se no local; g) A explicação que dei a V. Ex.° é longa. Mas, conhecendo estes processos, como conheço, adivinho que irei receber agora cartas de não sei quantas entidades a perguntar pelo caso. Obviamente, desde o Sr. Presidente da Republica até outras altas entidades. E assim para esclarecer a matéria terei apenas de enviar cópia do ofício que faço presente a V. Ex.â