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13 DE JANEIRO DE 1988

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Dr. Jacinto Baptista. Por esse motivo, o nome de Abel Pereira surgiu nesse dia no cabeçalho do jornal como director interino.

Ao fim da tarde de 14 de Março o conselho de gerência do Diário Popular deu posse aos novos director e director-adjunto, respectivamente Pacheco de Andrade e Botelho da Silva.

Num artigo publicado no dia IS o conselho de gerência do Diário Popular procura esclarecer a opinião pública sobre a nomeação da direcção do jornal. Diz este conselho que, «parecendo-lhe ter chegado o momento para um esclarecimento», traz aos leitores desse jornal «o funcionamento legal do processo e a explicação que evite uma análise deformada pela visão unilateral —emocional— de uma só das partes».

Referindo que «muito se disse e especulou acerca da saída do Dr. Jacinto Baptista», esclarece que, e de acordo com o artigo 15.°, alínea h), do Estatuto da EPSP, «compete ao conselho de gerência designar o director, os directores-adjuntos e os subdirectores [...] ouvido o conselho de redacção». Nessa medida, e com base na actuação de Jacinto Baptista, que, segundo o conselho de gerência, «não exercia uma direcção em termos efectivos, antes o fazia colectiva e participada-mente com o conselho de redacção e chefias, órgãos estes que, segundo fontes fidedignas, tinham uma posição prevalente na orientação do jornal», com base nesta situação, «agravada pela diminuição da própria participação de Jacinto Baptista nessa direcção colegial», o conselho de gerência do Diário Popular decidiu-se, pois, «a demitir a anterior direcção».

Por outro lado, acrescenta que o «director e o director-adjunto que hoje iniciam as suas funções foram escolhidos por um único critério: o prestígio, a competência e a experiência profissionais, atributos que resultam bem patentes das suas actividades anteriores como jornalistas».

Em comunicado distribuído no dia 2 de Abril o Conselho de Imprensa «é de parecer que deve ser tido em conta o voto desfavorável do conselho de redacção do Diário Popular, pelo que entende que a nomeação e manutenção de Pacheco de Andrade e de Botelho da Silva, respectivamente nos cargos de director e de director-adjunto, estão feridas de ilegalidade».

Como consequência, aquele organismo determina que «o processo de nomeação do director e director-adjunto deverá ser reaberto até à obtenção de voto favorável do conselho de redacção, no cumprimento da lei».

2.4.3 — O acaso Sousa Tavares»

O Correio da Manhã, de 18 de Outubro, sob este título, na primeira página, citando «fontes geralmente bem informadas», escrevia: «O Conselho de Ministros, ontem reunido em São Bento, deliberou demitir o director de A Capital, Francisco Sousa Tavares — actualmente subistituído interinamente naquele cargo devido à sua participação na campanha eleitoral —, para o que chamou de urgência o presidente do conselho de gerência da EPNC, Daniel Amaral.

Face às reticências manifestadas por Daniel Amaral em demitir Sousa Tavares, facto que deveria ocorrer até hoje o mais tardar, o Conselho de Ministros comunicou--lhe formalmente que uma recusa nesse sentido implicaria a sua demissão imediata, acompanhado por todos os membros do conselho de gerência da EPNC.»

O Diário Popular, de 18, transcrevia uma declaração do presidente da EPNC: «A notícia — disse Daniel Amaral — é de uma irresponsabilidade, de uma falta de nível, que me deixa preocupado acerca do perfil de jornalismo que se pratica no nosso país. No que respeita à minha chamada a São Bento, ela, a notícia, é objectivamente falsa e não tem o menor fundamento. Mas é verdade que o assunto em questão — por minha iniciativa, e não por pressão de quem quer que fosse — foi há dias discutido em conselho de gerência. Permitam-me, no meio disso tudo, um desabafo. Portugal não é um pais subdesenvolvido apenas nos aspectos económicos e sociais: ele é subdesenvolvido no jornalismo também.»

Nesse mesmo dia A Capital publicava na primeira página o já citado «comentário do presidente do conselho de gerência da EPNC, Daniel Amaral, à notícia publicada no Correio da Manhã, de hoje», e uma «nota da direcção de A Capital», em que se afirma que «a notícia de que o conselho de gerência da EPNC discutiu a eventual exoneração de Francisco de Sousa Tavares causa-nos, pelo menos, surpresa», e uma «declaração de Sousa Tavares», na qual se afirma que «nada sei, pois até hoje nunca a administração, em conjunto, ou qualquer dos seus membros, me disse qualquer coisa acerca desse assunto, nem me fez qualquer censura acerca da orientação dada ao jornal A Capital ou à minha actuação nele».

Entretanto, o Ministério da Comunicação Social divulgou no dia 19 um comunicado sobre o assunto, no qual refere ser «completamente falsa e perfeitamente difamatória» a notícia publicada pelo Correio da Manhã.

A nota ministerial refere, nomeadamente, que «carece de veracidade» a chamada de urgência de Daniel Amaral à reunião do Conselho de Ministros. O plenário ministerial, segundo se acrescenta, «não teve qualquer contacto, mínimo que fosse», com o presidente do conselho de gerência da EPNC.

De acordo com o Ministério da Comunicação Social, a notícia em causa está «inserida numa campanha mais vasta», pois «tenta-se, de forma sistemática, envolver, directa ou indirectamente, o Ministério em pretensas manobras de pressão ou de interferência nas atribuições específicas das administrações tuteladas».

O Dia, de 19, referia-se a este assunto em título a toda a largura da primeira página: «Para silenciar a voz livre de A Capital — 'Negócio* PS-Figueiredo para demitir Sousa Tavares».

Em «caixa», afirmava-se: «Apesar do desmentido oficial ontem emitido, tudo indica que o processo de demissão do director de A Capital está em marcha, por imposição do PS, com o conluio do próprio Governo e o 'pronto serviço' do presidente do conselho de administração da Empresa Pública Noticias-Capital».

O Correio da Manhã, de 19, voltava ao assunto com o título de primeira página «Os factos desmentem Daniel Amaral —Sousa Tavares conta tudo [...] — O comentário irresponsável», confirmando a notícia divulgada no dia anterior.

O Diário de Lisboa, de 19, em título de primeira página: «Gerência da Empresa Pública Noticias-Capital vai talvez demitir Sousa Tavares — Em causa a oportunidade política da decisão».