O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

890

II SÉRIE-A — NÚMERO 31

Em 1888 instalaram-se os Serviços Florestais. Embora se efectuasse contra a vontade dos povos que «foram usurpados dos terrenos mais férteis da montanha», a presença desses Serviços no Gerês foi útil na medida em que criou algumas infra-estruturas, construiu alguns edifícios e estradas e procedeu à reflorestação da serra.

A exploração das águas termais, que, durante muitos séculos, fora efectuada em moldes artesanais, sem qualquer organização, sem defesa dos abusos e estragos causados por contrabandistas e marginais, especialmente durante o Inverno, viria a ser confiada, em 1896, à Empresa das Águas do Gerês. De acordo com o estipulado no contrato de concessão, cujo prazo termina apenas em 31 de Dezembro do ano 2021, esta empresa procedeu à construção dos balneários e outras estruturas termais hoje existentes.

No primeiro quartel deste século foi aqui também criada a Empresa Hoteleira do Gerês, exploradora de vários hotéis e das carreiras de camionagem que ligam estas termas a Braga, Terras de Bouro, Amares, Vieira do Minho e, recentemente, ao Porto e a Lisboa.

Com o decorrer dos anos várias pensões e casas de hóspedes foram construídas para dar resposta às solicitações da procura. Paralelamente foram sendo também criados alguns serviços, como a estação dos CTT, farmácia, posto da GNR, secção da Guarda Fiscal, posto da Junta de Turismo, mercado, piscinas e outras estruturas de apoio.

De realçar, finalmente, o extenso suporte documental constituído por mais de duas centenas de obras referentes, quase exclusivamente, às termas do Gerês.

Em cada ano que passa, não só pelo movimento dos aquistas, como principalmente pela imparável procura de turistas, vindos das mais variadas partes do mundo, as termas do Gerês estão a tornar-se por demais exíguas, face a essa enorme procura, fazendo delas «cabeça de cartaz» das potencialidades turísticas do Norte de Portugal.

Localização geográfica

As termas do Gerês situam-se junto às margens do rio com o mesmo nome, o qual é afluente do rio Cávado, que distam cerca de 25 km da sede concelhia. Está no extremo territorial do concelho de Terras de Bouro, confinando a norte, a nascente e a poente com os terrenos do Parque Nacional da Peneda-Gerês e a sul com a sede da freguesia de Vilar da Veiga.

No sentido sul-norte é a última povoação portuguesa que existe antes da fronteira da Portela do Homem, da qual dista 12 km.

A povoação das termas do Gerês estende-se por uma área de 900 ha, aproximadamente.

Razões demográficas

Do que atrás se referiu relativamente às termas do Gerês como povoação, esta passou a ser ocupada, ao longo de todo o ano, a partir de 1870, por apenas um casal constituído por Francisco José da Silva (o Botequim) e Rosa Maria Martins. Volvidos 14 anos, em 1884, portanto, eram já 13 as famílias aqui radicadas permanentemente, delas se formando o tronco genealógico da população local que, entretanto, se viria a mesclar com outras famílias de diversa procedência,

atraídas pelo constante desenvolvimento das termas, a que correspondeu a instalação de várias estruturas e serviços públicos, como os Serviços Florestais, Empresa das Águas, Guarda Fiscal, GNR, Empresa Hoteleira e as minas de exploração de volfrâmio dos Carris, que criaram inúmeros postos de trabalho.

O aumento demográfico do Gerês foi uma constante, Em 1988 esta povoação, apesar de ao longo da maior parte do ano dispor de uma população flutuante considerável, contava com cerca de mil habitantes fixos, num total de cerca de 1800 habitantes existentes, nessa altura, em toda a freguesia de Vilar da Veiga, da qual, repete-se, o Gerês é ainda hoje apenas um lugar.

É oportuno e conveniente referir que as termas do Gerês, para além do local turístico e de cura termal, inserem-se também numa região de baixo índice demográfico, onde, a manterem-se as actuais taxas de natalidade e migração, se poderá, a curto prazo, caminhar para a desertificação.

Segundo um estudo recentemente publicado pelo Governo Civil de Braga e pela Universidade do Minho, o concelho de Terras de Bouro, em 1987, contava apenas com 10 000 habitantes, distribuídos pelas suas 17 freguesias.

De acordo também com dados estatísticos recentes, em 1981 a percentagem de envelhecimento no concelho a que as termas do Gerês pertencem era a mais elevada do distrito, atingindo os 14,8%. Esta taxa é um motivo sério de reflexão para todos quantos, directa ou indirectamente, se poderão considerar responsáveis pelos destinos das gentes terrabourenses.

A fixação dos naturais e de outros depende da criação de algumas condições. É necessário que os naturais e ou residentes se sintam atraídos pela terra que os viu nascer ou adoptaram. No caso concreto do Gerês, e após um período de letargia, de resto comum a todas as estâncias termais portuguesas, está previsto todo um conjunto de empreendimentos, da iniciativa local, a concretizar a curto prazo — como a recuperação e construção de alguns hotéis, a construção do Centro de Animação Termal, centros comerciais, para além da urgente variante circular que permita melhor acesso às termas. Tudo isso, aliado à cada vez maior procura de turistas nacionais e estrangeiros (como já se disse, no presente ano demandaram o Gerês mais de 600 000 visitantes!), autoriza prever um surto de desenvolvimento tal que, entre outras, terá como consequência lógica o aumento significativo da sua população.

Em face do exposto, não deverá estranhar-se o número de 730 eleitores com que, em 1988, estas termas contavam.

Mesmo assim, e a comprovar o baixo índice demográfico que se regista no concelho onde estão inseridas, as termas do Gerês são o núcleo populacional concelhio com maior número de eleitores, e a própria freguesia de Moimenta, em cujo lugar de Covas está instalada a sede do concelho de Terras de Bouro, apenas dispõe, na sua totalidade de lugares, de 622 eleitores, de acordo com as estatísticas das últimas eleições para o Parlamento Europeu.

Razões económicas e etnográficas

Por todas as razões já conhecidas, as termas do Gerês estão essencialmente voltadas para a indústria hoteleira e similares. Contudo, parte da sua população dedica-se a outras actividades, nomeadamente ao arte-