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II SÉRIE-A — NÚMERO 1

consideração explícita dos elementos dinâmicos associados à procura de factores produtivos tornou muito mais complexas as interacções entre as variáveis do modelo, mantendo-se a coerência entre fluxos e stocks através de equações de movimento para o stock de capital, a poupança dos particulares, a poupança do Estado e a poupança externa. O modelo apresenta também uma modelização particularmente detalhada das finanças públicas dada a possibilidade da sua utilização para se proceder a uma análise estrutural da influência da economia no Orçamento, que é endógeno ao modelo.

A utilização do modelo deverá levar em linha de conta os problemas associados à construção de modelos deste tipo. Em primeiro lugar, deve-se relevar o facto de as relações de comportamento admitidas no modelo (neste e em qualquer outro, cf. Lucas, 1976) serem sensíveis a alterações no enquadramento das decisões dos agentes, podendo-se, por esta via, gerar distorções não dispiciendas nos resultados de simulações de políticas. Em segundo lugar, dever-se-á salientar a insuficiência e relativamente fraca fiabilidade do sistema estatístico nacional, especialmente gravosa em áreas como as estatísticas de emprego e salários ou do stock de capital das empresas, para as quais não existem séries de dimensão razoável com características mínimas de homogeneidade. Acresce ainda que ao período amostrai correspondem várias alterações no enquadramento institucional da economia portuguesa.

Estas limitações — a primeira de carácter geral e as duas últimas de carácter específico à economia portuguesa—, embora sugiram um cuidado acrescido na interpretação dos resultados que modelos deste tipo possam produzir, não inviabilizam, antes pelo contrário, a sua utilização como importante auxiliar da condução da política macroeconómica.

2) Características gerais do modelo macroeconómico

O modelo foi construído assumindo a existência de um vector de bens finais internos, Q, representando, em cada ano, o consumo privado de bens e serviços, o consumo público de bens e serviços, a formação bruta de capital fixo do sector empresarial,, a formação bruta de capital fixo em habitação e a formação bruta de capital fixo do sector público administrativo. Todos estes bens são assumidos como sendo substitutos imperfeitos entre si e relativamente aos elementos de um vector Q*, cujos elementos são as exportações e as importações. A assunção desta hipótese de substituição imperfeita (decorrente da hipótese de Armington) permite evitar, de forma adequada e coerente, a opção por uma formulação analítica e computacionalmente mais exigente em que se considerariam dois tipos de bens finais — bens transaccionáveis internacionalmente e bens não transaccionáveis internacionalmente.

O modelo considera as condições dos mercados internacionais como dadas exogenamente. Assim, distingue--se entre três preços (nominais) internacionais exógenos: o preço internacional de bens intermédios (para o qual se tomou como proxy o preço da energia), p*(, o preço internacional das exportações, p'x e o preço internacional das importações, p*m. Os bens intermédios importados (energia) (t?) são usados como factor produtivo na produção doméstica (q) conjuntamente com o trabalho (L) e capital (ÍC). O preço do bem produzido externamente e importado por agentes nacionais é dado por p*m+s, onde s representa a taxa de câmbio em moeda doméstica por unidade de moeda estrangeira. O preço doméstico do bem produzido

internamente e exportado é dado por p'^+s. A evolução cambial foi considerada exógena para efeito da formulação do modelo e da realização de exercícios de simulação.

Também a evolução dos mercados internacionais é exógena ao modelo, assim como a evolução dos preços internacionais das importações e das exportações. No que respeita às importações, autonomizou-se a componente relativa, às importações energéticas. Estas são função das necessidades energéticas do País a um preço que é determinado nos mercados internacionais e consequentemente exógeno ao modelo. Dado que a moeda de referência para as importações de petróleo é o dólar (e estas são a componente mais importante das importações energéticas), o modelo recebe como input duas taxas de câmbio: a taxa de câmbio do dólar (para a valorização em escudos das importações de energia) e a taxa de câmbio efectiva do escudo (para a valorização das importações não energéticas).

No modelo, os preços nominais dos factores de produção (taxa de juro nominal, i, e salário nominal, w) são tomados exogenamente. O salário nominal é tomado exogenamente, não sendo determinado endógenamente como o nível de preços que equilibraria a oferta e procura de trabalho dada a forma específica como os salários têm vindo (e se espera venham) a ser fixados e que consiste na sua pré-determinação num contexto de concertação social entre empregadores, trabalhadores e governo. A taxa de juro nominal também é tomada exogenamente, correspondendo à hipótese de pequena economia aberta. Assim, a taxa de juro nominal interna é i=i'+s+6, em que 6 representa o prémio de risco específico associado à economia portuguesa e t* é a taxa de juro internacional.

O modelo contém três grandes blocos: o bloco da procura agregada, um bloco de oferta agregada e um bloco relativo às despesas e receitas do sector público administrativo. A autonomização deste terceiro bloco resultou de considerações de carácter operacional que se prendem, tal como já se referiu, com a necessidade de proporcionar uma indicação detalhada da influência da economia no Orçamento, assim como a utilização do modelo como instrumento de análise dos canais de transmissão de vários componentes da política orçamental.

O modelo é parametrizado com dados anuais das contas nacionais por forma a reproduzir os anos base.

Bloco da procura agregada

O bloco da procura agregada é o resultado de uma especificação tradicional decorrendo de uma sem. de. equações de comportamento para os principais determinantes da procura agregada. Estas equações foram estimadas a partir de dados referentes ao período de 1977 a 1991 utilizando, na generalidade dos casos, técnicas de cointegração.

O comportamento do consumo privado real, c, foi modelizado a partir de uma formulação de longo prazo que pressupõe a existência de uma trajectória de equilíbrio estacionário na qual

em que y representa o rendimento disponível real era taxa de juro real. Dado que os dados disponíveis para a estimação desta relação correspondiam a períodos de inflação elevada, a utilização da definição contabilística de rendimento disponível das famílias pode revelar-se problemática, uma vez que não é contabilizada a erosão provocada, cela inflação nos activos líquidos na posse das famílias. Esta dificuldade