O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

65 | II Série A - Número: 096 | 2 de Março de 2011

— Realizar outras acções que melhorem o seu bem-estar financeiro.»

Nos últimos anos aumentou a preocupação nos países desenvolvidos e em economias emergentes com o nível de literacia financeira dos seus cidadãos.
Esta preocupação foi intensificada pela crise financeira, com o reconhecimento de que a falta de literacia financeira foi um dos factores que contribuíram para a tomada de decisões financeiras erradas e que essas decisões, por sua vez, tiveram efeitos negativos de arrastamento.
A literacia financeira é hoje globalmente reconhecida como um importante elemento de estabilidade económica e financeira e de desenvolvimento.
Além disso, tem-se vindo a dar uma crescente importância à educação financeira enquanto importante ferramenta para a vida.
A maioria dos estudos mostram que grande parte dos cidadãos desconhece os riscos financeiros que têm de enfrentar e não têm suficiente conhecimento para gerir tais riscos de forma adequada, mesmo que estejam cientes deles.
Além disso, as situações de risco que as pessoas têm que enfrentar são cada vez mais, por exemplo no que respeita aos riscos associados à longevidade, ao crédito e aos mercados financeiros, situações que aumentam em consequência das mudanças no mercado, na economia e na demografia.
O Banco de Portugal divulgou, no final de 2010, os principais resultados do seu Inquérito à Literacia Financeira, «através do qual procurou analisar os comportamentos e atitudes da população portuguesa relativamente a questões financeiras e apurar o seu nível de conhecimentos nesta área».
Segundo se pode ler no resumo divulgado pelo Banco de Portugal, foram entrevistadas 2000 pessoas «(…) de idade igual ou superior a 16 anos, [que] foram estratificados de acordo com cinco critérios: género, idade, região NUTS II (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira), situação laboral (activo ou não activo) e nível de escolaridade».
As entrevistas basearam-se num questionário composto por 94 questões de escolha múltipla, que incidiram sobre cinco áreas temáticas: inclusão financeira, planeamento de despesas e poupança, gestão de conta bancária, escolha de produtos financeiros e compreensão financeira.
A realização de entrevistas presenciais «permitiu que o questionário abarcasse um vasto conjunto de temas, além de melhorar o processo de confirmação das respostas e suscitar a participação pró-activa dos entrevistados (…) » As principais conclusões são as seguintes:

— «(…) dos inquiridos que dizem faz er poupanças, a maioria (54%) considera como poupança o dinheiro deixado numa conta à ordem para gastar mais tarde. A prática de deixar os recursos excedentários numa conta à ordem poderá indicar alguma inércia quanto à poupança, o que normalmente decorre da falta de sensibilizada à sua importância ou do desconhecimento sobre as possíveis aplicações»; — «(…) as decisões quanto á poupança são determinadas tambçm, em grande medida, por restrições financeiras: a maioria dos inquiridos que não poupam (88%) refere rendimentos insuficientes como principal razão»; — «De entre os critérios de escolha do crédito à habitação, apenas 4% dos inquiridos indicam a taxa anual efectiva (TAE) — medida que engloba todos os encargos obrigatórios associados ao crédito — e 18% mencionam a taxa de juro»; — «No caso dos detentores de cartões de crédito, dos 43% que não pagam a totalidade do saldo em dívida no final do mês apenas 22% dizem saber qual o valor exacto da taxa de juro associada ao cartão»; — «Questionados sobre o conceito de Euribor, apenas 9% dos inquiridos respondem com rigor e apenas 17% revelam saber o significado do spread que incide sobre uma taxa de juro de referência»; — «Embora a maioria dos inquiridos (73%) saibam correctamente identificar o saldo num extracto de conta, apenas 46% demonstram saber calcular esse saldo após uma simples operação de débito da conta ou têm noção do conceito de descoberto bancário. Os resultados são também menos positivos na avaliação do grau de risco de produtos financeiros»; — «Os portugueses parecem revelar pouca sensibilidade para poupar».